Com a tomada de posse do marido, Barack Obama, como quadragésimo presidente dos Estados Unidos, Michelle Obama também adquire um título – o de Primeira-dama. Não é um cargo de eleição, nem de nomeação, contudo a Primeira-dama desempenha um papel significativo na administração presidencial.
É um papel definido por cada mulher que usa o título de Primeira Dama e por todas as que a antecederam – conforme nota Lisa Kathleen Graddy, curadora da colecção Primeiras Damas em exibição no Museu Nacional de Historia Americana.
"A Primeira-dama não tem responsabilidades ou deveres designados, pelo que lhe cabe a ela decidir qual é o seu papel. Acima de tudo concentra-se em ser anfitriã. Esse continua a ser o mais antigo papel da primeira-dama."
Mas ser anfitriã é mais do que receber convidados - não é apenas oferecer um jantar.
Allida Black é directora do Projecto e editora dos escritos de Eleanor Roosevelt na Universidade George Washington: "O papel da Primeira-dama na Casa Branca é entender as políticas em Washington e garantir que as pessoas sentadas à mesa de jantar conseguem fazer o trabalho que com esse jantar se pretendia fazer ou conseguir.
Esta é uma responsabilidade que começou com a primeira Primeira-dama americana, Martha Washington. Lisa Kathleen nota que Martha Washington abriu outro precedente quando se tornou ferverosa apoiante dos veteranos da Guerra Revolucionaria.
"Agora as primeiras damas têm sempre uma causa que defendem, usualmente algo que lhes e muito chegado, muito pessoal.
No início dos anos 60, Jacqueline Kennedy restaurou os adereços históricos existentes na Casa Branca.
"Pareceu-me uma desgraça que quando chegamos à Casa Branca pouco existia do passado dessa casa," disse na altura Jacqueline Kennedy.
Lady Bird Johnson fez campanha para que as auto-estradas fossem menos áridas, com a plantação de flores silvestres e ajudou a lançar o programa educacional para crianças desfavorecidas, conhecido por "Head Start." Betty Ford foi uma grande defensora da emenda pelos Direitos Iguais das Mulheres, e como sobrevivente de cancro, uma voz em defesa do conhecimento sobre cancro da mama.
Nancy Reagan dedicou-se à campanha contra o uso de drogas. Barbara Bush defendia a alfabetização, da mesma forma como Laura Bush, a nora. A agora ex-primeira dama tornou-se conhecida pela sua defesa das mulheres em todo o mundo.
"Conheci milhares de mulheres de muitas nações, e percebi que as mulheres, estejam onde elas estejam, tem os mesmos sonhos."
Allida Black nota que as primeiras-damas servem desde há muito de embaixadoras não oficiais. Eleanor Roosevelt foi a primeira dessas mulheres, na década de 40. Depois do marido se tornar presidente, em 1933, viajou muito pelo estrangeiro.
"Ela sentia que o papel dela era o de chegar ate junto do povo Americano e ouvir dele o que queria em termos de políticas que pudesse melhorar a vida," diz Black.
Como primeira-dama, Hillary Clinton também se envolveu em política. Dias após a tomada de posse do marido, Bill Clinton, este encarregou-a da presidir ao painel que estudou a reforma do sector de saúde.
Durante a recente campanha eleitoral, quando era ainda senadora, Hillary Clinton lançou-se na corrida a Casa Branca. Muitos americanos perguntavam-se: o que aconteceria ao papel de primeira-dama, quando o presidente fosse uma mulher? A resposta com o historiador Carl Sferazza Anthony.
"Se prestarmos atenção às actividades de caridade pública, às campanhas de educação para o HIV/SIDA, aos esforços de ajuda mundiais após o maremoto na Indonésia, penso que Bill Clinton, como antigo presidente, já estava de alguma forma a desempenhar o papel que um primeiro cavalheiro poderia desempenhar."
Mas seja um homem ou uma mulher, os americanos tem certas expectativas relativamente ao marido ou esposa do seu presidente, afirma Allida Black.
"Queremos que a primeira-dama ou o primeiro-cavalheiro dê apoio moral ao marido, como acontece em qualquer relação, mas que ao mesmo tempo seja inteligente, esperto, coloque o país em primeiro lugar, não seja egocêntrico e seja capaz de arregaçar as mangas e deitar mãos ao trabalho.
Michelle Obama irá agora descobrir, nas próximas semanas, e próximos meses, que trabalho o marido e a nação lhe podem pedir para fazer – e que papel ela pretende desempenhar – como a nova primeira-dama.
