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Helen Suzman: Uma Voz Contra o “Apartheid”


Morreu Helen Suzman, a mais destacada activista entre a comunidade branca sul-africana no combate ao sistema de apartheid na África do Sul. Durante anos, Suzman foi a única voz a levantar-se contra o "apartheid" no parlamento sul-africano.

Helen Suzman morreu, na quinta-feira, tinha 91 anos de idade. Durante anos denunciou o regime de apartheid no Parlamento onde era a única deputada pelo Partido Progressivo da África do Sul.

Suzman foi nomeada duas vezes para o Prémio Nobel da Paz, mas nunca o galardão lhe foi atribuído. Era uma figura frágil, mas combativa que tirou partido do seu lugar no Parlamento para questionar frontalmente os ministros do governo da era do "apartheid". Acusada por um deles de estar a tentar envergonhar o governo sul-africano com as suas perguntas, Helen Suzman respondeu que não eram as suas perguntas que eram embaraçosas, mas - sim – as respostas do governo racista.

Símbolos da luta contra o apartheid, como é o caso do antigo presidente Nelson Mandela, recordou Suzman como a única mulher que o visitou na prisão de Robben Island.

Noa últimos anos de vida, Helen Suzman criticou o Congresso Nacional Africano por este ter gasto somas astronómicas na compra de armas e em cerimónias oficiais, não dedicando os recursos necessários para apoiar os sectores da educação e da habitação. Esta tomada de posição levou a que, durante uma entrevista que lhe foi feita há alguns anos, um jornalista lhe perguntou se acreditava se a África do Sul poderia falhar: "Não penso que a África do Sul possa fracassar. Mas, penso que o sistema parlamentar poderá mudar. Tem havido demasiados depoimentos por parte das altas estruturas do ANC declarando querer controlar todas as alavancas do poder. Eu não gosto de tomadas de posição desse género."

Nascida em Germinston, próximo de Joanesburgo, filha de pais judeus nascidos na Lituânia, foi criada com todo o conforto, tendo frequentado sempre escolas privadas. Mas, na universidade, começou a tomar posições contra as condições em que viviam os sul-africanos negros, pronunciando-se em particular contra a lei do passe, que lhe limitava a livre circulação.

Helen Suzman foi eleita para o Parlamento sul-africano, em 1953, enquanto elemento do Partido Unido, do general Ian Smuts, mas abandonou esta formação política para formar o Partido Progressivo, que era mais liberal.

Eleições antecipadas, em 1961, deixaram-na como a única parlamentar do seu partido, uma posição que ocupou durante 13 anos. Suzman reformou-se em 1989, quando iniciaram as negociações que iriam culminar com o fim da era do apartheid.

Vencedora de diversos prémios internacionais, a morte de Suzman foi assinalada pela Fundação Nelson Mandela, afirmando que a África do Sul perdeu uma grande patriota e uma corajosa lutadora contra o apartheid.

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