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Etiópia Anuncia Retirada Tropas da Somália


A Etiópia anunciou a intenção de retirar as suas tropas da vizinha Somália até ao final do ano. Os responsáveis etíopes garantiram, contudo, à União Africana que, se for necessário, vão manter os soldados etíopes em estado de alerta na zona fronteiriça, em apoio aos ”capacetes azuis”

A Etiópia enviou uma carta às Nações Unidas e à União Africana indicando que vai retirar as suas forças das posições que ocupam dentro da Somália até finais de Dezembro. Diplomatas africanos e ocidentais confirmaram à VOA que a carta foi entregue há alguns dias.

A retirada terá lugar dois anos depois das tropas etíopes terem invadido o vizinho da região do chamado ”Corno de África” lugar onde a lei não é respeitada, para dali expulsarem os islamistas que tinham imposto a lei da sharia em grande parte do país.

Desde então, o contingente etíope, entre 10 a 15 mil homens, tem sido a principal força a suportar o frágil governo de transição somáli. Eles operam juntamente com a força de três mil e 400 homens da União Africana, constituída por soldados do Uganda e do Burundi.

A carta ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon e ao secretário-geral da União Africana, Jean Ping, que anunciava a intenção da retirada, foi enviada depois do ministro etíope dos Negócios Estrangeiros, Seyoum Mesfin, ter advertido publicamente o presidente e o primeiro-ministro somális, em luta entre si, para resolverem as suas diferenças ou seriam deixados sózinhos a lutar entre si.

Muitos diplomatas africanos mostram-se abertamente receosos que a retirada etíope possa levar ao colapso imediato do governo de transição somáli. Mas Jean Ping disse aos jornalistas ter recebido garantias da Etiópia de que não irá abandonar completamente a Somália, permanecendo na fronteira, pronta a regressar caso as condições deteriorem.

Ping disse estar a preparar vários cenários para proteger a Somália e os restantes ”capacetes azuis”, quando os etíopes saírem. Mas está optimista que os etíopes possam ser persuadidos a adiar a retirada, o que dependerá dos próprios lideres etíopes deixarem de combater entre si.

Ping diz que as negociações estão a agora a decorrer bem, no sentido de se conseguir aumentar a força da UA, para que possa ser ela a garantir toda a operação de manutenção de paz, quando a Etiópia retirar. O Quénia já indicou que enviará um batalhão para a Somália. Ping acrescentou estar também a apelar ao Conselho de Segurança da ONU para fornecer ajuda, em face da pirataria que ameaça as vitais linhas de navegação na costa da Somália... “porque a desordem que se assiste no mar com a pirataria, é uma extensão da desordem em terra,” sublinhou.

Diplomatas africanos mostram-se esperançados que a actual crise force os governos na região, bem como a comunidade internacional, a procurar novas opções para evitar que a situação degenere. A Somália está sem governo funcional desde há 18 anos.

Uma combinação de falta de respeito pela lei e a guerra civil criou um dos piores desastres humanitários do mundo. As Nações Unidas estimam que 3,2 milhões de pessoas (cerca de 40% da população) precisem de assistência de emergência.

Um alto diplomata dum país que considera fornecer tropas à força da União Africana, e que pediu o anonimato, disse à VOA: ”A Etiópia não pode sair agora, é simplesmente demasiado perigoso.”

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