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O Congo à Beira da Guerra Civil


Depois de dois anos de uma calma relativa, a República Democrática do Congo parece estar de novo à beira da guerra. Em Setembro passado, os rebeldes do Congresso Nacional para a Defesa do Povo, o CNDP, denunciou o acordo de paz, firmado em Goma, entre o governo congolês e várias dezenas de grupos rebeldes. Justificando essa medida, o líder do CNDP, Laurent Nkunda, afirmou que a mesma foi tomada devido ao facto das forças governamentais congolesas apoiadas por milícias continuarem a atacar o seu povo:"Não foi Nkunda quem declarou a guerra. Eles declararam a guerra e estavam a atacar-me mesmo durante as conversações de paz."

As forças de Nkunda estariam igualmente a ser atacadas pelas Forças Democráticas de Libertação do Ruanda. Aquelas forças são formadas por elementos das milícias ruandesas hutu que fugiram do Leste do Congo depois do genocídio de 1994, no qual 800 mil pessoas morreram, na sua maior parte ruandeses tutsis. Nkunda afirma que está a defender os congoleses da etnia tutsi, cujos antepassados imigraram para o Congo durante a era colonial. Nkunda alega, igualmente, estar a ser atacado pelas milícias Mai-Mai que, por seu turno, dizem estar a defender os habitantes originais da região. Segundo o analista Henri Boshoff, do Instituto de Segurança da África do Sul, a principal causa do recomeço da violência deve-se às limitações do acordo de Goma especialmente no que se refere à desmobilização, desarmamento e reintegração um processo denominado por DDR. Diz Boshoff : "Uma das principais razões é o facto do processo DDR não ter sido completado na zona leste do Congo. Em segundo lugar, no acordo que foi concluído, existem algumas cláusulas que são irrealistas e que não podem ser postas em prática."

Aquele analista acrescentou, ainda, que o acordo de Goma prevê que as forças de Nkunda sejam desmobilizadas fora da sua região original do Kivu Norte mas, isso não é aceitável para aquele líder rebelde. Para além disso, as antigas milícias hutu afirmam que não voltarão ao Ruanda enquanto não for alcançado um acordo político com o governo de Kigali. Outros especialistas destacam igualmente o facto de se tratar também de uma guerra pelo controle duma região extremamente rica em recursos naturais tais como o ouro, os diamantes e a madeira.

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