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EUA: Candidatos Presidenciais e África


Uma das questões em foco em todas as eleições presidenciais americanas é a questão da política externa. Embora raramente se tenha ouvido falar de África na actual campanha eleitoral uma pergunta que tem sido feito é qual a política para África dos dois candidatos.

Numa recente reunião em Addis Abeba na Etiópia peritos e diplomatas afirmaram que a política dos Estados Unidos para com África não deverá sofrer grandes alterações qualquer que seja o vencedor das presidenciais de Novembro. Na verdade um dos grandes sucessos da política externa do presidente George Bush foi a sua política para com África, especialmente em programas como a conta do desafio do milénio e a lei que facilita a entrada de produtos africanos nos estados unidos, a chamada AGOA.

No seminário organizado pela comissão económica das Nações Unidas para África sob o tema as presidenciais americanas e suas implicações para África a conclusão foi que a política externa de Washington quer sob Barack Obama quer sob John McCain será quase que idêntica à de George Bush pelo menos no que diz respeito a África.

Steven Ekovich, professor de Ciências Políticas na Universidade Americana em Paris afirmou que um estudo dos programas políticos dos partidos democrata e republicano mostra existir uma semelhança notável.

“Li ambos os textos e fiquei com a impressão que tinha lido o mesmo texto duas vezes. Li em primeiro lugar as propostas de Obama para a sua política africana, depois li as de John McCain . Encontrei algumas diferenças em pequenos pontos mas nos temas gerais e orientações gerais, era como ler o mesmo texto. Mais do que isso (acrescenta o professor Ekovich) não só fiquei com a impressão que estava a ler o mesmo texto, mas que já tinha lido esse texto anteriormente. Basicamente trata-se de actual política americana para com África. Não há diferença”.

Falando a uma audiência constituída principalmente por diplomatas e intelectuais africanos Ekovich advertiu que não se devem esperar mudanças radicais se o homem a quem se chamava “O Filho de África” - Barack Obama - for eleito.

“Posso adivinhar quem é o vosso candidato favorito. Penso que é o candidato favorito de todos os africanos. Penso que há uma profunda simpatia e ligação a Barack Obama. Por isso penso que entre o vosso público há o sentimento de que se um africano-americano for eleito presidente haverá mudanças dramáticas na política para com África. Mas deixem que vos diga que um presidente africano-americano poderá ser mais duro para com vocês do que um presidente branco, notou o professor Ekovich acrescentando “ele poderá mostrar-vos aquilo que os americanos chamam de ”amor duro”. Esse presidente terá a capacidade para dizer aquilo que outro presidente não vos pode dizer, nomeadamente que os seus irmãos africanos terão que ser mais eficazes no combate à corrupção, na redução a violência e várias políticas.”

O professor Ekovich fez notar que o Senador Obama já mostrou a sua capacidade de criticar os africanos americanos pelas suas insuficiências.

“Um branco não pode fazer isso na América. Mas Barack obama pode. Se Barack Obama é uma pessoa que pode legitimamente criticar asperamente os africanos-americanos tenho a dizer que vai haver um novo estilo na política africana se Barack Obama for eleito. Mas não esperem que será algo que vocês vão gostar de ouvir da parte de Barack Obama”.

Ekovich fez notar que Barack Obama se tinha referido aos acontecimentos em Darfur, no Sudão, como genocídio e disse que vai trabalhar para pôr termo a isso. O candidato democrata não hesitou em criticar a corrupção no Quénia durante uma visita que fez ao país onde o seu pai nasceu.

Como o seu rival republicano Obama é a favor de se aumentar a pressão sobre o governo zimbabueiano de Robert Mugabe acusando-o abertamente de falsificar as recentes eleições e de usar violência contra o seu próprio povo.

O diplomata queniano Michal Oyogi disse após a reunião ter concluído que os africanos não devem esperar nada de novo das eleições presidenciais americanas qualquer que seja o resultado.

”Isto significa que não só entre os dois candidatos mas entre eles e anteriores presidentes não se pode detectar muita mudança e não devera haver mudanças após as eleições. Podemos concluir por agora que as implicações são zero”.

Os participantes na reunião fizeram no entanto notar que o facto deste encontro ter sido realizado é indicio de um fascínio, alguns diriam mesmo obsessão sem precedente em algumas partes de África, para com as eleições americanas deste ano. O que é certo é que na manhã de 5 de Novembro os africanos vão sem dúvida sintonizar os seus rádios e televisões em grande número para saberem quem é que o povo americano escolheu para seu presidente.

Pode ser mesmo que em muitos casos, haja africanos que vão permanecer acordados pela noite fora para ouvirem esses resultados

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