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O Impacto da Crise Financeira Americana no Quénia


Os países em vias de desenvolvimento de África enfrentam sérios embaraços nas suas economias. Um dos países que poderá sentir mais efeitos e o Quénia, que sofreu meses de turbulência política no princípio do ano. A correspondente da Voz da América em Nairobi falou recentemente com uma série de peritos sobre os desafios que enfrenta a maior economia da África Oriental

Há uma década atrás, notícias sobre uma crise financeira global não teriam gerado uma ansiedade elevada entre quenianos vulgares.

Na altura, o sistema bancário do Quénia espelhava a imagem de muitos outros no continente – falta de liquidez e frequentemente criticado pelos países industrializados por ser excessivamente regulado. Apertados controlos sobre moeda estrangeira significavam que os bancos não podiam gerar mais dinheiro para investir em exóticos instrumentos financeiros ocidentais.

O mercado financeiro do Quénia é muito mais aberto agora, mas ainda não e comparável ao dos Estados Unidos, Europa ou Ásia. Julius Muia, chefe executivo do Conselho Nacional Económico e Social do Quénia, disse que essa diferença poderá provar agora ser uma vantagem para o país, porque não tem fortes ligações à economia americana e europeia a braços com a crise financeira actual.

Economistas independentes concordam que o Quénia, tal como muitos países africanos, não será directamente atingido pela crise financeira mundial. Mas, economistas há que receiam que o Quénia poderá estar a subestimar como e que esses efeitos secundários poderão ter impacto no país que começou o ano muito mal economicamente, devido à violência post-eleitoral.

O crescimento económico anual do Quénia de cerca de seis por cento começou a deslizar quando estrangeiros cancelaram viagens. A actividade agrícola parou quando os agricultores abandonaram as propriedades fazendo parar a exportação de toneladas de flores para mercados de todo o mundo.

Ao mesmo tempo, a inflação disparou e a crise alimentar causada pela seca e o aumento dos combustíveis e de fertilizantes piorou.

Embora a formação de um governo de partilha do poder em Abril tenha restaurado a calma, o director do Instituto para o Desenvolvimento Africano, na Universidade de Cornell, em Nova Iorque, Muna Ndulo, nota que a aliança política permanece frágil, assim como a economia queniana. Disse ele:

"Se a economia não crescer e existir uma situação instável, piora a situação porque isso significa menos recursos para lidar com o problema. Significa aumento de desemprego e falta de investimentos."

De acordo com o Banco Mundial, apenas um por cento da economia do Quénia, estimada em 17 mil milhões de dólares, esta dependente da ajuda externa.

Embora isso signifique que o Quénia e os seus 33 milhões de habitantes não estejam tão vulneráveis aos efeitos de uma redução de fundos de doadores internacionais como outros países na região, o economista queniano Robert Shaw nota que o país esta fortemente dependente da demanda e investimento externo privados, particularmente da Europa e dos Estados Unidos : "No ano passado, as nossas maiores receitas em moeda estrangeira foram geradas na área do turismo. Acontece que os potenciais turistas agora devido a crise financeira não querem gastar dinheiro em viagens e o Quénia, um dos maiores exportadores de flores naturais, vai ver as suas vendas diminuídas pelo mesmo motivo. Temos de ser realistas e afirmar que vamos ter um impacto na nossa economia."

Economistas sugerem que o Quénia poderá enfrentar uma quebra económica adoptando políticas mais liberais que podem significar um aumento nas suas trocas comerciais regionais.

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