Uma das razões porque a economia do Zimbabwe se encontra em tal confusão reside no colapso do sector das unidades agrícolas comerciais.
Tal fica-se a dever, em parte, ao programa governamental caótico e por vezes violento de reforma agraria, desencadeado no ano dois mil.
O acordo recentemente assinado de partilha do poder estipula que a reforma agraria é irreversível.
A agricultura costumava a ser a maior fonte de receita de divisas estrangeiras do Zimbabwe, mas desde que o programa começou a retirar unidades agrícolas aos brancos, o país passou a depender da importação de alimentos e da ajuda de assistência.
Os agricultores negros que assumiram as terras não estavam equipados em termos de conhecimentos agrícolas e de verbas para manter a produção.
A União dos Agricultores Comerciais, essencialmente de brancos e grupo Justiça para a Agricultura representam menos de um milhar de unidades comerciais, e destas menos de 300 encontram-se em pleno, de um montante das quatro mil no inicio da ocupação das unidades agrícolas.
Alguns agricultores brancos deixaram o Zimbabwe, enquanto outros ainda ali permanecem lutando para recuperarem as suas herdades ou para serem indemnizados.
O governo do Zimbabwe já indicou que irá compensar apenas os agricultores por melhorias introduzidas nas herdades, e não pelos terrenos.
O recente acordo de partilha do poder explicitamente refere-se a esta situação e acrescenta que a aquisição e a re distribuição das terras é irreversível.
A União dos Agricultores Comerciais não deu resposta ao pedido da Voz da América para uma entrevista, mas John Wirsley-Worswick da Justiça para a Agricultura indicou que embora o acordo se refira à compensação pelos terrenos, a responsabilidade por tal compensação depende exclusivamente no actual e nos futuros governos do Zimbabwe.
‘Falam de compensação pelos terrenos, as nossas questões não se confinam aos terrenos; falamos sobre as melhorias nas herdades, e ao facto de nenhuma unidade ter sido legalmente adquirida, e que nenhum agricultor ter sido compensado honesta e equitativamente.’
Segundo esta fonte a sua organização prefere negociar do que continuar a litigar, o que classificou como sendo uma posição negativa.
O porta voz da Justiça para a Agricultura alertou para o facto de que no caso do governo não estar preparado para um compromisso, a sua organização irá tentar bloquear a assistência internacional necessária a recuperação do Zimbabwe.
‘Temos de encontrar uma forma de avançar, que permita a libertação dos títulos de propriedade neste país, e retomar o apoio financeiro internacional. Por certo no caso dos nossos direitos de propriedade continuarem a ser violados iremos fazer tudo para obtermos tal apoio.’
O acordo de partilha do poder reconhece a forma irregular como foi realizado o programa de reforma agraria e propõe uma auditoria não partidária aos terrenos tendo em vista estabelecer a responsabilidade e a eliminação de propriedade múltipla de unidades agrícolas.