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Zimbabwe : Assinado Acordo de Partilha de Poder


O presidente do Zimbabwe, e os dois dirigentes da oposição rubricaram um acordo de partilha do poder destinado a por termo a crise no país.

O acordo agora assinado segue-se a meses de negociações que teve como medianeiro a África do Sul.

O presidente Robert Mugabe e os dirigentes da oposição Morgan Tsvangirai e Arthur Mutambara apertaram as mãos após a cerimonia a que estiveram presentes meia dúzia de chefes de Estado e vários milhares de apoiantes.

Após três décadas de regime incontestado, o acordo prevê que o partido de Mugabe, a ZANU-PF partilhe o poder com a oposição.

Robert Mugabe acentuou que o acordo contem elementos que nem ele nem a oposição gostam.

'A história faz com que caminhemos a mesma direcção. Podemos discordar da direcção, e isso é o que acontece. No entanto existem áreas onde nos encontramos de acordo. E ao caminharmos em frente, enquanto forem reconhecidos princípios importantes iremos encontrar mais espaço de acordo.'

Mugabe acrescentou que entre os princípios se incluem o reconhecimento da soberania do Zimbabwe, tendo acusado as potências estrangeiras que impuseram sanções económicas contra o seu governo de tentarem impor soluções para os problemas do Zimbabwe.

Ao abrigo do acordo Mugabe vai continuara a ser o chefe de estado e a presidir as reuniões do governo. Tsvangirai que lidera a maior facção do Movimento para a Mudança Democrática, assume o recém criado posto de primeiro ministro e preside ao recém criado conselho de ministros.

A facção menor do Movimento para a Mudança Democrática, liderada por Arthur Mutambara, vai ocupar três ministérios e Mutambara assumira um dos dois postos de adjunto do primeiro ministro.

O partido ZANU-PF fica com 15 pastas ministeriais, enquanto o grupo de Tsvangirai recebe 13 ministérios e a facção de Mutambara fica com três pastas.

Tsvangirai afirmou ter assinado o acordo por acreditar que representa a melhor oportunidade para construir um Zimbabwe pacifico e prospero.

Numa referencia a recente violência política que assolou o Zimbabwe, Tsvangirai indicou esperar que o futuro seja melhor que a dor, e apelou a uma nova liderança para ultrapassar as rivalidades.

'Como primeiro ministro designado, apelo a todos os apoiantes da ZANU-PF e do MDC para que unem a todos os zimbabuanos para que ponham acima de tudo os interesses da população e da nação e que trabalhem juntos para um novo Zimbabwe. Divisões, polarizações e ódio pertencem ao passado.'

A oposição obteve a maioria de lugares na eleição de Março e Tsvangirai recolheu a maioria dos votos na corrida presidencial.

Mas Mugabe viria a vencer a segunda volta após a retirada de Tsvangirai, argumentando com a campanha de intimidação promovida pelo estado, durante a qual foi morta mais de uma centena de apoiantes.

Mutambara por seu lado elogiou o acordo como sendo uma solução africana para um problema africano, mas alertou para os muitos desafios que se perfilam.

'Hoje é apenas o inicio. Começa agora o trabalho árduo e estamos aqui por que o nosso país atravessa uma crise humanitária, política e económica de enormes proporções.'

Mutambara sublinhou que a nova liderança deve ultrapassar antigas rivalidades, e assumir as decisões necessárias para fazer regressar a prosperidade ao país.

Os dirigentes da região do sul de África elogiaram o acordo e as iniciativas de mediação do presidente Thabo Mbeki.

Apelaram aos governos ocidentais para porem termo as sanções económicas contra o governo de Mugabe, e instaram a comunidade internacional a ajudar a minorar a crise económica do Zimbabwe, caracterizada por uma hiper inflação, um índice de desemprego de 80 por cento, e a escassez de alimentos e de produtos básicos.

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