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Jornalista Senegalês Atacado por Apoiantes de Wade


Os proponentes da liberdade da imprensa e jornalistas senegaleses reagiram energicamente às declarações do Presidente Wade numa conferência da imprensa nos Estados Unidos.

Em Dakar, membros da imprensa local manifestaram as suas preocupações afirmando que declarações como aquelas feitas pelo líder senegalês em Chicago, quando para ali se deslocou para falar da liberdade da imprensa e outras questões, desviam a atenção da repressão da liberdade da imprensa em curso no Senegal.

Assane Samba Diop, o novo Director da Radio RMF, em Dakar, disse que enquanto o Presidente Wade viaja ao estrangeiro para falar da liberdade da imprensa, as suas afirmações a este respeito, no passado, tanto quanto diz respeito ao Senegal, têm deixado muito a desejar.

Disse este jornalista senegalês terem-se verificado retrocessos quanto à liberdade da imprensa no Senegal durante os mandatos do Presidente Wade, desde 2000. Disse ainda Samba Diop que o Presidente Wade criou o seu próprio centro radiofónico e um jornal próprio que colhem as suas informações das agências estatais, não de jornalistas no terreno.

O Presidente Wade fez aquelas declarações durante uma sessão da Conferência da Unidade 2008, uma organização dos jornalistas das minorias. A chegada do governante senegalês foi assinalada por um incidente durante o qual um indivíduo - identificado como um exilado senegalês - interrompeu o discurso de Wade.

Samba Diop disse que os opositores do Presidente Wade que usaram da palavra durante a conferência foram atacados pelo apoiantes do governante senegalês, sendo em seguida expulsos da sala pela policia: “O desprezo manifestado pelo Presidente Wade pela imprensa... prova-se pelo facto de ele se fazer acompanhar nas suas deslocações apenas por elementos da imprensa oficial do seu governo”.

O facto pode ser uma indicação das relações do Presidente Wade com a imprensa, no passado excelentes, mas que, entretanto, estão em deterioração, afirmou o coordenador do Programa Africa, Tom Rhodes, da Comissão para a Protecção dos Jornalistas, sediado em Nova Iorque.

Segundo Rhodes, “Wade é considerado como sendo líder da democracia, todavia a sua actuação neste domínio não é o que se poderia esperar. Na realidade, as condições da liberdade da imprensa no Senegal deterioram durante a sua administração”.

Tom Rhodes afirmou que o ano passado cinco jornalistas foram gravemente espancados pela polícia, tendo três deles recebido penas de prisão suspensas. Até agora, disse ainda o jornalista nova-iorquino, Wade não cumpriu as suas promessas para a descriminalização das leis da imprensa no Senegal, constituindo um grande obstáculo da liberdade da imprensa em África.

Num comunicado divulgado pelo Ministério da Informação do Senegal, o Presidente senegalês disse ser, nas suas palavras, um amigo da imprensa, adiantando que apesar dos seus problemas com os jornalistas, tem feito muito durante a sua presidência para promover a causa dos jornalistas no Senegal.

De acordo com o Presidente Wade, há liberdade da imprensa no Senegal, tal como o prova a recente greve dos jornalistas. Disse ainda o governante senegalês que desde que assumiu o poder, mais do que quadruplicou a ajuda do governo aos meios da comunicação social, tendo apoiado ainda programas para tornar jovens jornalistas em profissionais.

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