Embora o presidente Robert Mugabe tenha aceitado conversações com a oposição para um eventual acordo de partilha do poder, a violência política e intimidação prosseguem no Zimbabwe.
Vários deputados que regressaram a Harare, de locais escondidos no Zimbabwe e nos países vizinhos, disseram que o ambiente no país está tenso e que não se atrevem a ir para suas casas por recearem serem presos.
Cerca de 20 deputados eleitos pelo Movimento para a Mudança Democrática (MDC) foram detidos desde as eleições legislativas de 29 de Marco.
Um deputado de um círculo eleitoral da província de Manicalandia, no leste do Zimbabwe, que esteve recentemente detido por três semanas e que pediu para não ser identificado, disse que milicianos da ZANU-PF estão a pedir dinheiro a pessoas que fugiram durante a violência pós-eleitoral e que querem agora regressar a suas casas. Acrescentou que aqueles que regressaram descobriram que os seus bens, tais como colheitas e cabeças de gado, foram-lhes tirados depois das eleições.
Um deputado da província da Mashonalandia Oriental – um bastião da ZANU-PF onde muitos votaram pela primeira vez pelo MDC – disse que as milícias controlam ainda o movimento das pessoas de e para as aldeias.
Um deputado do MDC em Mutare, Pishai Muchauraya, afirmou que elementos do seu partido andam a procura do paradeiro de muitas pessoas dadas como desaparecidas.
O corpo do líder provincial do MDC na Manicalandia, Reuben Mutewe, de 38 anos de idade, que foi raptado de sua casa no dia 30 de Junho, foi encontrado na morgue do Hospital Geral de Mutare na passada sexta-feira.
O deputado Muchauraya disse que ainda não foi encontrado o corpo do activista Emmanuel Nyapfungwe, que teria sido assassinado na província de Manicalandia no dia 20 de Junho. Entretanto, prosseguem as invasões a herdades agrícolas, particularmente na província de Manicalandia onde seis famílias brancas e seus trabalhadores foram forçados a abandonar suas casas na semana passada.
O memorando assinado pela ZANU-PF e pelo MDC diz que a violência deve ser discutida durante as suas conversações na África do Sul.
Um outro ponto para negociações é o recomeço da ajuda humanitária, banida no dia 4 de Junho por um dos dois negociadores da ZANU-PF, o ministro da Saúde e Assuntos Sociais, Nicholas Goche.
O governo zimbabweano principiou a vender ajuda alimentar aos necessitados a preços muito baixos. Mas a Associação Conjunta de Residentes de Harare disse que apenas membros da ZANU-PF têm acesso a essa ajuda, acrescentando que muitos residentes da capital zimbabweana estão à beira da fome.