O Zimbabwe continuou a ser o tema dominante
africano nos grandes jornais americanos, mas há que dizer que na semana finda
houve reportagens sobre outras partes de África.
Salientamos por exemplo um interessante artigo
Jeffrey Gettleman do NY Times sobre o processo de paz no Burundi que o
correspondente do jornal diz estar a ser respeitado.
O Christian Science Monitor publicou um artigo
sobre os efeitos nos países vizinhos da África do Sul onda de ataques xenófobos
neste país com ênfase especial para Moçambique.
Aliás, a reportagem, escrita por Sterphanie
Hanes, era datada de Maputo e nela a correspondente do jornal afirmou que
dirigentes dos países vizinhos estão a tentar encontrar meios para incorporar
nas suas sociedades aqueles que regressaram vindos da África do Sul,
acrescentando que - citamos - ”peritos em direitos humanos avisam que poderá
haver um alastramento da instabilidade”.
A violência pode ter parado, dizem esses
peritos, mas os seus efeitos estão a ainda a espalhar-se pela região.
No que diz respeito a Moçambique Stephanie
Hanes escreveu:
Muitos dos moçambicanos enviavam fundos da
África do Sul para as suas famílias em Moçambique. Agora regressam de mãos
vazias para um país onde o nível de desemprego se estima em 21 por cento”.
Palavras de um artigo de Stephanie Hanes do CS
Monitor titulado ”em Moçambique refugiados em situação instável. A reportagem
era datada do Maputo.
E agora o Zimbabwe. Foram muitas as
reportagens na semana passada, obviamente escritas antes de Morgan Tsvangirai
anunciar ontem a sua decisão de não participar nas eleições.
Barry Bearak e Celia Dugger do New York Times
escreveram uma extensa reportagem detalhando em pormenor os ataques contra
apoiantes da oposição e aldeias em zonas rurais que votaram a favor da oposição
nas eleições parlamentares e na primeira volta das presidenciais.
Os repórteres fazem notar que ao abrigo da lei
os nomes dos trabalhadores da oposição que estiveram de serviço nas assembleias
de voto foram publicados e nas suas palavras - foram sistematicamente
identificados para agressões levadas a cabo em chamadas sessões pungwe, a
palavra shona para vigílias que duram toda à noite e em que aldeãos são
obrigados a participar em reuniões em que apoiantes da oposição são
chicoteados.
Escreveram os correspondentes do NY Times:
Já houve dezenas de mortes, milhares de
espancamentos e dezenas de milhares de pessoas foram forçadas a fugir das suas
casas, disseram organizações civis, médicos e organizações humanitárias.
Embora postos de controlo tenham isolado zonas
rurais onde a maior parte das agressões ocorrem, há tantos sobreviventes e
testemunhas que trabalhadores de organizações humanitárias e jornalistas têm
podido catalogar grande parte da brutalidade. A dor é geralmente infligida
através de chicoteamentos de várias horas nas solas dos pés e nas nádegas “.
O artigo cita uma fonte não identificada da
ZANU PF como tendo dito que a ZANU considerou a segunda volta das eleições como
uma guerra. Como tal, oficiais do exército foram enviados para todas as
províncias, fazendo uso de soldados, agentes dos serviços secretos, policias e
grupos paramilitares para a sua campanha de intimidação.
Os resultados das eleições na primeira volta
nos diferentes círculos eleitorais ditaram a geografia da campanha. A reportagem
de Barry Bearak e Celia Dugger era titulada ”no Zimbabwe assassinos têm como
objectivo as bases”.
Já Roger Bate um analista do American
Enterprise Institute, um centro de estudos sediado aqui em Washington, escreveu
um artigo de opinião no Wall Street Journal exortou os países vizinhos a
levantarem se contra Mugabe.
Bate escreveu que pouco há que esperar do
presidente Thabo Mbeki da África do Sul e acrescentou:
A única esperança jaz com o Botswana e a
Zâmbia, cujos dirigentes têm pelo menos mostrado alguma coluna vertebral. Os
dirigentes da região precisam de actuar e precisam de actuar rápidamente porque
os generais de Mugabe não se movimentarão se não forem forçados a isso.
Como Mugabe disse ao jornal Herald
recentemente ele prefere morrer a lutar do que a ser governado pelo Movimento
para a Mudança Democrática que diz estar pronto a vender os direitos do pais.
Chegou a altura das nações vizinhas apoiarem uma acção de manutenção de paz da
ONU no Zimbabwe. Se não o fizerem os Estados Unidos e a Grã Bretanha devem
reavaliar investimentos, ajuda e comercio com toda a região”.
Palavras de um comentário do analista Roger
Bate titulado Mugabe promete agarrar se ao poder publicado pelo Wall Street
Journal.