O antigo
secretario-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, é uma das quatro dezenas de
notáveis africanos que fizeram um apelo para eleições livres e transparentes no
Zimbabwe. A segunda volta das eleições presidenciais no dia 27 de Junho vai
colocar frente a frente o presidente Robert Mugabe e o líder da oposição Morgan
Tsvangirai, mas de acordo com a imprensa estatal zimbabueana, Mugabe esta a
advertir para a guerra como forma de impedir a vitoria da oposição.
Preocupações
sobre a segunda volta estão a aumentar por entre cada vez mais noticias de
violência apoiada pelo governo e massiva intimidação e perseguição de votantes
e apoiantes da oposição.
Agora, o diário
estatal "Herald" noticiou que o presidente Mugabe fez uma advertência para uma
guerra. O Herald cita Mugabe como tendo afirmando que não ira deixar que o
Movimento para a Mudança Democrática (MDC) tome o poder. Mugabe disse que uma
vitoria da oposição seria o equivalente a entregar o Zimbabwe de volta ao seu
antigo patrão colonial. Mugabe tem constantemente acusado o MDC de ser apoiado
pela Grã-Bretanha – uma acusação que o partido da oposição e Londres negam.
O presidente
Mugabe afirmou que dissuadiu os veteranos de guerra de "voltarem para a
guerra", depois das eleições gerais de 29 de Marco, nas quais o seu partido
ZANU-PF perdeu a maioria parlamentar. Tsvangirai venceu a primeira volta das
presidenciais não conseguindo no entanto obter mais de 50 por cento dos votos
para evitar uma segunda volta.
Entretanto, 40
lideres da sociedade civil africana, incluindo o antigo secretario-geral da
ONU, Kofi Annan, e vários antigos chefes de estado, pediram que a segunda volta
das eleições presidenciais zimbabueanas fossem conduzidas de uma forma pacifica
e transparente. O pedido foi feito através de uma carta aberta publicada hoje,
onde também se pede por um "adequado numero de observadores eleitorais
independente" durante e depois do escrutínio de 27 de Junho.
Um dos
signatários da carta aberta, o filantropo de origem sudanesa Mo Ibrahim,
fundador da Fundação Mo Ibrahim, disse a Voz da América que a missiva foi
escrita para mostrar que os africanos estão preocupados com os acontecimentos
no Zimbabwe.
"Penso que temos
um grave problema e precisamos que o resultado eleitoral seja uma vitoria para
a democracia e liberdade, precisamos de eleições honestas e seguir em frente em
África. A sociedade civil esta totalmente ciente e plenamente empenhada no
processo democrático e queremos que, independentemente dos resultados, que os
zimbabueanos se unam e construam um país prospero."
Ibrahim disse
deplorar as noticias correntes de intimidações, perseguições e violência, tendo
apelado ao governo zimbabueano para permitir que a oposição faça campanha
livremente.
A carta pede
também pelo fim da violência e intimidação e o restabelecimento do pleno acesso
para as agencias de ajuda humanitária.
O governo do
Zimbabwe suspendeu todo o trabalho de campo das agencias humanitárias no
principio do mês dizendo que elas estavam a fazer campanha pela oposição, o que
foi negado por elas.
O
subsecretario-geral das Nações Unidas para os Assuntos Humanitários, John
Holmes, juntou a sua voz a negação por parte das agencias.
"O presidente
Mugabe alegou em Roma que algumas ONGs estavam a operar para alem do seu
mandato e a interferirem em assuntos políticos. Negamos isso em absoluto.
Acreditamos que as ONGs tem seguido estritamente os princípios humanitários
fundamentais de imparcialidade, neutralidade e independência e não tem
utilizado a ajuda alimentar ou outra de uma forma política."
Holmes advertiu
que se continuar a suspensão da distribuição alimentar para alem da segunda
volta das presidenciais, as consequências poderão ser muito graves. Mais de
quatro milhões de zimbabueanos dependem de ajuda alimentar devido a mas
colheitas causadas por uma seca prolongada.
No Zimbabwe,
prossegue, entretanto a perseguição a membros da oposição. O líder do MDC,
Morgan Tsvangirai, foi detido e libertado duas vezes na quinta-feira. O secretario-geral
do MDC, Tendai Biti, foi preso e a policia disse que será acusado de traição, o
que poderá levá-lo a ser condenado a morte.
A agencia France
Press informou que a policia confiscou hoje dois autocarros da campanha do MDC
utilizados para transportar Tsvangirai e seus acompanhantes através do país. Na
semana passada, a policia apreendeu o carro a prova de bala de Tsvangirai. Em
ambos os casos a policia informou que os veículos não estavam devidamente
registados, alegação que o MDC desmentiu.