O navio chinês An Yne JIang, envolto numa polémica por causa do equipamento militar para o Zimbabwe que carrega, continua fundeado em Luanda, soube a Voz da América de fonte oficial .
Na sexta-feira as autoridades angolanas autorizaram a atracagem da embarcação chinesa no porto de Luanda, onde deveria descarregar apenas material destinado a Angola.
A carga a bordo desta embarcação será baldeada para batelões que serão rebocados até ao cais do Gabinete de Reconstrução Nacional, GRN, adjacente ao cais petrolífero, apurou a Voz da América.
O navio chinês viu recusados os pedidos que fez para atracar primeiro em Durban, na África do Sul e depois em Moçambique onde deveria deixar munições, tubos de morteiro e lança-granadas para o Zimbabwe.
Após o anúncio da autorização concedida por Luanda, o Conselho de Coordenação dos Direitos Humanos, CCDH, interpôs uma providência cautelar solicitando que fosse impedido o descarregamento no porto da capital, do material militar destinado ao Zimbabwe.
Fonte judicial angolana contactada pela Voz da América questionou o mérito do gesto de David Mendes presidente daquele conselho, porque citamos, <tratando-se de uma providência cautelar ele deveria fazer prova de que se a mesma não for aplicada um bem ou direito seu corre risco de prejuízos irreparáveis ou de difícil reparação. Não é o que se passa aqui>.
David Mendes faz outra interpretação da lei, e por isso acredita que o Tribunal Marítimo de Luanda lhe dará razão.
<Angola subscreveu a Carta Africana dos Direitos do Homem e dos povos; subscreveu a convenção da ONU sob os direitos humanos quer protege a liberdade de expressão e de manifestação, e tendo em conta que o regime do Zimbabwe poder usar estes meios para reprimir as liberdades fundamentais do povo zimbabwano, interpusemos esta providencia que visa fazer com que Angola se abstenha de fornecer meios a um regime que os pode usar, pondo em causa os direitos fundamentais de um determinado cidadão, ou de um conjunto de cidadãos>.
David Mendes diz ainda assim ter levando em conta a declaração do governo de Angola segundo a qual apenas mercadorias para Angola seriam descarregadas, porém não pode garantir que isto tivesse acontecido.
<Levamos em conta o que o governo disse, e por este facto pedimos ao Sindicato dos Marítimos para que os seus filiados (estivadores) ficassem atentos ao tipo de material que vai seria descarregado. No último conversa que tivemos constou-nos que não seria possível confirmar a existência de material, até porque os contentores estavam selados e nenhum foi aberto>.
Fonte oficial disse à Voz da América que a descarga do navio ainda não teve início.