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Debate Sobre o Zimbabwe no Conselho de Segurança


Os Estados Unidos, a Grã-Bretanha e a França expressarem crescente preocupação pelo facto da comissão eleitoral do Zimbabwe ainda não ter dado a conhecer os resultados das eleições de 29 de Março. Os comentários foram feitos numa reunião do Conselho de Segurança da ONU com dirigentes da União Africana, onde a situação no Zimbabwe ameaçou ensombrar outras questões no continente africano.

O primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, iniciou as críticas, afirmando que ninguém acredita que o presidente do Zimbabwe, Robert Mugabe, tenha vencido as eleições. Disse Brown: “Ninguém que tenha visto os resultados nas diferentes assembleias de voto acredita que o presidente Mugabe venceu estas eleições. Uma eleição roubada não é uma eleição democrática. Como disse o secretário-geral da ONU, a credibilidade do processo democrático depende da existência de um governo legítimo”.

Brown disse ainda, perante o Conselho de Segurança, que a credibilidade do processo democrático em África depende da legitimidade do governo de Harare, adiantando que os dirigentes reunidos em Nova Iorque devem enviar uma mensagem unânime e clara que apoiam a democracia e os Direitos Humanos no Zimbabwe.

O embaixador dos Estados Unidos junto da ONU, Zalmay Khalilzad, disse que o povo do Zimbabwe votou pela mudança e expressou preocupação pela violência pós-eleitoral: “Estamos profundamente preocupados com o aumento da violência política perpetrada pelas forças de segurança e pelas milícias do partido no poder que tem como alvo apoiantes da oposição nas zonas rurais. O governo e os seus apoiantes têm que abandonar imediatamente a violência e a intimidação e que devem actuar com comedimento, respeitar os Direitos Humanos e permitir que o processo eleitoral continue sem obstrução”.

A Secretária de Estado para os Negócios Estrangeiros e Direitos Humanos de França, Rama Yade, disse perante o Conselho de Segurança que não deve ser negado ao povo do Zimbabwe a sua vitória em democracia.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki Moon, repetiu o seu apelo para que os resultados eleitorais sejam tornados públicos: “Se não houver uma solução transparente para este impasse a situação poderá deteriorar-se ainda mais com graves implicações para o povo do Zimbabwe. As autoridades Zimbabweanas e os países da região têm insistido que estas questões devem ser resolvidas pelos países da região, mas a comunidade internacional continua à espera de uma acção decisiva”.

O secretário-geral da ONU disse ainda que se houver uma segunda volta das eleições, estas têm que ser levadas a cabo de um modo honesto e transparente e na presença de observadores internacionais. Ban Ki-moon saudou, no entanto, os esforços da comunidade de desenvolvimento da África Austral para resolver a crise, acrescentando que as Nações Unidas estão prontas a ajudar.

O presidente sul africano, Thabo Mbeki, respondeu afirmando que o seu país tem estado a lidar com a questão do Zimbabwe desde há muitos anos e não apenas desde as eleições de 29 de Março, acrescentando que a África do Sul sempre disse que a solução para os problemas do Zimbabwe esta nas mãos do povo do Zimbabwe.

Disse Mbeki: “Portanto, no nosso envolvimento com a situação, precisamos de falar continuamente com o partido no poder e na oposição, porque são eles que tem que acordar na via que o país tem que seguir.”

Mbeki negou também notícias segundo as quais se recusou a descrever o problema do Zimbabwe como uma crise, afirmando nunca ter afirmado tal coisa

Entretanto, a organização Repórteres Sem Fronteira alertou para o facto do jornalista zimbabweano Frank Chikowore ter sido preso, na terça-feira, desconhecendo-se o seu paradeiro. Chikowore foi preso por quatro polícias fardados e três à paisana, mas o quartel general da policia diz nada saber sobre a sua prisão.

A organização Repórteres Sem Fronteiras apelou também para a libertação do jornalista britânico Jonathan Clayton, preso em Bulawayo no passado dia 9 de Abril

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