Entidades oficiais americanas expressaram, ontem, a sua desilusão pelo papel até agora desempenhado pelos países vizinhos do Zimbabwe na crise eleitoral deste país. Os dirigentes da África Austral, que se reuniram no fim de semana passado, na Zâmbia, não condenaram a forma como as autoridades zimbabweanas têm lidado com os resultados das eleições do passado dia 29 de Março, cujos resultados permanecem por publicar.
O Departamento de Estado disse que a África do Sul tem mais influência sobre o Zimbabwe do que qualquer outro país e que deveria, portanto, considerar o que pode fazer para influenciar de modo positivo a situação em Harare.
As declarações seguem-se a uma onda de críticas ao presidente sul- africano, Thabo Mbek,i e a outros dirigentes da região por não terem tomado uma posição mais forte sobre a situação no Zimbabwe, durante a sua cimeira do fim de semana em Lusaca. Antes de participar na cimeira da SADC, Mbeki efectuou uma visita a Harare, onde afirmou não haver nenhuma crise naquele país.
Aquela declaração e o subsequente falhanço da SADC em exigir a publicação dos resultados eleitorais causou várias criticas, incluindo por parte do influente jornal americano “Washington Post” que ontem descreveu essa decisão como “uma política perversa e imoral de Mbeki sobre Direitos Humanos”.
Num encontro com jornalistas o porta voz do Departamento de Estado, Sean McCormarck, disse que os Estados unidos são de opinião que há uma crise política e económica no Zimbabwe devido ao governo de Mugabe, acrescentando que os críticos de Mbeki levantam o que chamou de uma boa questão sobre o como a África do Sul e os outros países da região podem usar da sua influencia: “É uma questão importante para que todos os Estados, incluindo a África do Sul, respondam sobre o que podem fazer. O que podem fazer para por termo à crise e colocarem o Zimbabwe numa melhor via, uma via que leve a um melhor futuro para o Zimbabwe e para o povo do Zimbabwe.
Um diplomata, que falou também aos jornalistas, disse que membros do governo americano são de opinião de que mais críticas directas a Mbeki serão contraproducentes. Esse diplomata fez notar ainda que a reunião de Lusaca foi caracterizada por debates que se prolongaram por toda a noite, o que indica haver um debate activo dentro da SADC sobre o que fazer.
O porta-voz do Departamento de Estado americano reiterou a profunda preocupação dos EUA pelo facto dos resultados oficiais das eleições presidenciais de 29 de Março não terem sido ainda publicados e pelo anúncio que haverá uma recontagem de votos em alguns distritos. Aquele porta voz disse a que não houve um sistema eficaz de controlo dos votos e das urnas de voto e que muito pode ter acontecido desde o dias das eleições.
O líder da oposição, Morgan Tsvangirai, afirma ter vencido as eleições e tem-se opõosto à realização de uma segunda volta.