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Desapontamento Para Muitos Quenianos


Como parte do entendimento negociado através do ex-Secretario-Geral das Nações Unidas, Kofi Annan, no rescaldo da disputa eleitoral de Dezembro passado, os dois partidos políticos principais quenianos concordaram na partilha igual dos postos do gabinete alargado do governo.

Na quinta-feira, o Presidente Mwai Kibaki e o líder da oposição, Raila Odinga, que deverá assumir as funções de Primeiro Ministro, concordaram em estatuir um ministério de 40 pastas, um aumento acima das 34 que constituíam o governo anterior.

O anúncio veio como um desapontamento para muitos quenianos que tinham apelado a um gabinete menor, afirmando que o governo anterior de 34 ministros se considerava já como sendo demasiado amplo e dispendioso, quanto mais agora um gabinete de 40 ministros ou mais, que poderá representar um excesso em despesas orçamentais.

Gladwell Otieno, Directora do Centro Africano para Governação Aberta, que tem sido um dos proponentes da redução dos números ministeriais, disse:

“O que finalmente aconteceu foi a política de interesses e de patrocínios que prevaleceu...a política do quid pro quo que continuou...foi preciso pagar dívidas aos aliados e compensar amigos...os políticos devem sentir-se agora regalados pela criação de um gabinete maciço...deste tamanho..."

Otieno disse que esperava que o Movimento da Laranja, de Raila Odinga, se iria manter firme na sua posição, recusando a ampliação do tamanho do gabinete. Outros membros do grupo de Odinga manifestaram opiniões similares, tal como Ababu Namwamba, um dos deputados da facção da Laranja, eleito em Dezembro ultimo, durante a vaga do descontentamento pelo facto do governo não ter sido capaz de efectuar as reformas que se impunham:

“Quero associar-me aos outros quenianos manifestando o meu desapontamento pela extensão do tamanho do gabinete, duma forma, sem dúvida, desnecessária. O menos que os quenianos esperavam teria sido a manutenção do mesmo gabinete de 34 ministérios ...não um aumento extravagante e desnecessário de 40 lugares..."

Outra voz discordante foi a de Stephen Lugalia, Director do Instituto dos Contabilistas Públicos do Quénia que criticou as grandes quantias de dinheiro que serão necessárias despender para manter a nova burocracia queniana. Nas suas palavras:

“Imagine-se que um ministro recebe um ordenado mensal de um pouco mais de um milhão de libras... além doutros custos institucionais... tais como a manutenção dos seus escritórios... veículos e mais motorizados... como todos sabem... os ministros quenianos exigem não menos de um, mas dois ou mais automóveis...a soma dos custos de tudo isto vai ser enorme..."

O ordenado mensal de um milhão de libras equivale a uma mensalidade de cerca de 15 mil dólares americanos. Segundo os cálculos da imprensa queniana, as despesas para a manutenção da nova administração queniana seriam ligeiramente superiores cinco virgula cinco mil milhões de dólares por ano, um aumento em mais de 800 milhões de dólares, acima do orçamento corrente.

Críticos adiantam que um país em vias de desenvolvimento tal como é o Quénia, não pode dar-se ao luxo a despesas administrativas tamanhas, sobretudo quando ainda enfrenta o impacto da violência pós-eleitoral.

Entretanto, recordando a ameaça da violência que paira ainda sobre o país, a organização Human Rights Watch do Quénia publicou o seu relatório sobre a situação da área do Mt.Elgon, a oeste do país, onde prosseguem as operações militares contra as milícias causadoras de milhares de morticínios dos últimos dois anos na região, um conflito sobre a distribuição de terras, milícias conhecidas sob o nome de Exercito Sabaot de Defesa de Terras, acusadas de crimes de guerra.

O relatório afirma que embora o conflito no Monte Elgon seja anterior à recente violência pós-eleitoral, as milícias do Exercito Sabaot envolveram-se também nos distúrbios que se seguiram.

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