Na altura em que a guerra do Iraque assinala o seu quinto aniversario, as chefias militares dos Estados Unidos estão empenhadas num processo de transição que reduzirá o poder de combate das tropas americanas no país em mais de 20 por cento ate Julho. A questão para os generais e analistas é se os ganhos obtidos com o reforço de tropas poderão ser mantidos com menos soldados americanos no terreno no futuro.
Em Janeiro do ano passado a situação no Iraque encaminhava-se a alta velocidade para o descontrolo. O debate de então era se o país estava em guerra civil ou apenas a beira dela. Um crescente numero de peritos e congressistas pediam a retirada dos Estados Unidos. Mas o presidente Bush foi por outro caminho.
“Ordenei o envio de mais de 20 mil soldados americanos para o Iraque. A grande maioria deles – cinco brigadas – vão ficar estacionadas em Bagdade.”
Foi um grande risco, tanto em termos militares como políticos. E foi acompanhada por uma nova táctica de contra rebelião, até aí não experimentada.
Agora, mais de um ano depois, o índice de violência desceu ao seu nível mais baixo em vários anos, ao menor nível de baixas americanas, progressos na política interna iraquiana que se encontrava paralisada desde há anos e um mais alto envolvimento de forças de segurança iraquianas desde a queda de Saddam Hussein.
Anthony Cordesman, do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, um crítico da política da administração Bush para com o Iraque, visitou o país no mês passado e disse que foram efectuados alguns progressos. Mas acrescentou que ainda há muito tempo pela frente.
“Aprendemos certamente sobre como fazer renascer um país, embora estivéssemos muito pouco preparados para isso. Compreendemos as consequências de muitos dos nossos erros iniciais. Temos uma força mais sofisticada para combater a contra-rebelião do que tínhamos quando começámos. Mas levou-nos cinco anos a conseguir uma posição onde estamos de facto preparados para enfrentar uma guerra daquele tipo.”
Cordesman e outros analistas notam, no entanto que as melhorias na segurança durante o ano passado contaram também com o cessar-fogo da milícia do clérigo xiita Moqtada al-Sadr e o principal grupo insurrecto sunita, a al-Qaida no Iraque, alienou muitos iraquianos com os seus pontos de vista extremistas islâmicos e violência indiscriminada.
Analistas têm afirmado desde há meses que os dirigentes iraquianos devem fazer mais para tomarem vantagem da melhoria da segurança e construírem uma estabilidade em longo prazo. Michele Flounoy, do Centro para uma Nova Segurança Americana, esteve recentemente no Iraque.
“A coisa mais preocupante que observei foi não ter sentido qualquer sensação de urgência por parte do governo central, para tentar tomar vantagem da situação de segurança. A segunda coisa mais preocupante que vi foi a de que não há da nossa parte, da parte dos Estados Unidos, uma estratégia para pressionarem os iraquianos a tirarem vantagem desta oportunidade.”
No sexto aniversário da invasão dos Estados Unidos ao Iraque, haverá uma nova administração em Washington. Analistas e militares dizem que a capacidade da nova administração reduzir a presença de tropas americanas no Iraque sem causar instabilidade depende se a administração Bush, nos seus últimos meses, poderá continuar a formar novas forças iraquianas e pressionar com sucesso o governo de Bagdade a efectuar uma reconciliação nacional, o que não conseguiu até agora apesar dos ganhos na segurança.