Após a assinatura do acordo de partilha do poder o ambiente na capital queniana e de alivio e de esperança em que a vida venha a regressar ao normal.
Existe, no entanto a consciência de que existem ainda muitos desafios.
Na sequência da onda de violência pós eleitoral que custou a vida a cerca de mil e 500 pessoas, e um mês na expectativa do resultado da mediação efectuada pelo antigo secretario geral da ONU, Kofi Annan, os residentes de Nairobi acolheram com agrado e alivio as noticias do acordo de partilha do poder.
Peter Onango - ‘Começo a sentir que vou ter um novo ano. Existia muita tensão, as pessoas estavam a morrer. Agora penso que tudo vai voltar ao normal.’
Joshua Shinje, que trabalha numa empresa de seguros, acolheu igualmente com agrado a noticia.
‘Estamos muito contentes que agora tudo vai voltar ao normal. As pessoas vão voltar a trabalhar sem medo. Estou grato por terem concordado a partilhar o poder, para que vejamos as coisas voltar ao normal.’
Tal como Annan deixou claro na cerimonia de assinatura, o acordo entre o presidente Mwai Kibaki e o dirigente da oposição Raila Odinga no sentido de criar o cargo de primeiro ministro e um gabinete de partilha de poder, constitui apenas um primeiro passo, permanecendo muito trabalho a realizar.
Por altura do anterior sufrágio, em 2002, tinha sido obtido um acordo semelhante que permitiu a Odinga – então um aliado de Kibaki – o cargo de primeiro ministro.
O acordo nunca foi cumprido tendo contribuído para que Odinga tivesse abandonado o governo.
Desta vez, a oposição insiste em que o acordo seja aplicado através de um referendo constitucional para impedir uma situação idêntica.
O analista político, Agina destaca que o actual acordo não prevê um calendário para a aplicação das medidas.
‘Os desafios são enormes. Primeiro e tendo em conta a anterior experiência vai ser um desafio fazer com que Kibaki assine a legislação. Nos discursos falava-se de o mais breve possível. Tal poderá ser abusado por aqueles que são contra, para que arrastem a situação.’
O professor de Ciências Políticas, Peter Wanyande, da Universidade de Nairobi concorda na necessidade de esforço para aplicar o acordo – que requer uma maioria de dois terços no parlamento.
Uma vez alcançada a coligação, colocam-se os desafios das questões mais amplas que contribuíram para a recente violência, incluindo a distribuição de terras, desigualdades económicas, e novas reformas constitucionais.
A directora da Comissão de Direitos Humanos, Muthoni Wayeki, espera que a pausa propiciada pelo acordo permita ao governo elaborar uma resposta a ameaça de futura violência.
‘Face às noticias sobre preparativos de milícias...esperamos que a pausa permita ao sector de segurança responda adequadamente e dentro dos limites da lei. ‘
O acordo deixa igualmente em aberto a questão do que pode acontecer se a coligação se desfizer.
A oposição sustenta desejar novas eleições, mas o processo continua sem ter sido decidido.