A Turquia lançou uma enorme operação militar contra bases de rebeldes curdos no norte do Iraque.
A operação está a causar alguma inquietação mesmo entre os aliados da Turquia como os Estados Unidos.
Os rebeldes lutam pela autonomia do sudeste do país de maioria curda desde 1984.
O general na reforma Haldun Solmazturk combateu os rebeldes durante oito anos e participou na ultima incursão ao Iraque em 1997.
‘A região é montanhosa e no inverno os curdos têm a capacidade de emboscar unidades turcas presumivelmente bem preparadas, bem armadas, bem equipadas. Tem que haver boa informação. Pelo que sabemos isso está a ser fornecido pelos americanos.’
Mas informação não é a única ajuda que a Turquia quer dos Estados Unidos. Ancara considera o peso diplomático de Washington de igual importância.
De acordo com o analista turco Armagan Kuloglu conter as criticas à operação, principalmente por parte das autoridades curdas do norte do Iraque é muito importante para Ancara.
‘Penso que os Estados Unidos vão convencer a administração do norte do Iraque porque eles sabem que será muito difícil controlarem a área sem apoio dos Estados Unidos.’
Nos primeiro dias da operação houve poucas condenações de Bagdade, para além de preocupações de baixas entre a população civil. Alguns analistas afirmam que isso se deveu em parte a pressões americanas.
Mas as criticas tem vindo a aumentar. Na terça feira Bagdade pediu o fim imediato da operação afirmando que está a violar a sua integridade territorial. Para ajudar a conter as criticas Ancara enviou a Bagdade Ahmed Davu Toglu, um dos principais responsáveis do ministério dos negócios estrangeiros turco.
Mas Davu Toglu recusou se a especificar um calendário para a retirada.
‘Não há calendário até as bases terroristas serem eliminadas. Essas bases não podem ser toleradas quer pelo governo iraquiano quer por nós quer pela comunidade internacional.’
Mas Washington está aparentemente a mostrar alguma impaciência com a operação. Embora os Estados Unidos apoiem a operação não querem alienar os curdos iraquianos, outro importante aliado.
O secretario de defesa americano Robert Gates tornou claro no inicio da semana o que Washington espera da Turquia.
‘A operação deve ser curta e deve ter objectivo precisos. Após isso os turcos devem retirar se para a sua fronteira.’
Gates vai hoje manter conversações em Ancara. Embora a Turquia não deseja ser vista como estando a obedecer a ordens americanas é pouco provável que Ancara arrisque o isolamento internacional sobre esta questão.
As autoridades militares turcas dizem ter atingido mais de quatrocentos alvos do Partido dos Trabalhadores Turcos. O general Solmazturk afirma que o objectivo da operação, nomeadamente dar um duro golpe nas infra-estruturas dos guerrilheiros poderá estar prestes a ser atingido.
”Seria um exagero descrever como fatal o efeito da operação. Mas deverá ser um golpe muito duro. Neste tipo de guerra luta se contra as mentes e vontade. Este tipo de operação será um golpe duro à vontade de lutar”.
Com o aumento da pressão internacional, em particular dos seus aliados, o tempo poderá estar a acabar para a Turquia poderá continuar a operação. O sucesso da operação só poderá ser avaliado nos próximos meses quando se tornar claro se os guerrilheiros curdos serão capazes - ou não - de levarem a cabo a sua tradicional ofensiva de primavera.