No Quénia, negociadores do governo e da oposição estão preparados para retomar as conversações, depois de se terem registados progressos, na semana passada, na busca de uma solução política naquele país. A secretária de Estado Condoleezza Rice é esperada, hoje, na capital queniana para mostrar o apoio dos EUA ao processo negocial.
Negociadores do governo e da oposição preparam-se para retomar uma quarta semana de conversações, depois de uma pausa de três dias, para consultas com os respectivos líderes.
O mediador-chefe, Kofi Annan, o antigo secretário-geral da ONU, disse, na sexta-feira, que os dois lados fizeram progressos consideráveis no sentido de um acordo político relativo aos resultados das controversas eleições presidenciais de Dezembro do ano passado. Mil pessoas foram mortas e várias centenas de milhar foram desalojadas em resultado da violência que irrompeu depois da oposição ter afirmado que os resultados das eleições foram falsificados.
A Secretária de Estado Condoleezza Rice é esperada hoje na capital queniana para se reunir com o presidente Mwai Kibaki e com o líder da oposição, Raila Odinga.
No início da sua digressão por cinco nações africanas o presidente Bush disse que a deslocação a Nairobi se destinava a apoiar o processo negocial: “O essencial é que os líderes oiçam dela, em primeira mão, que os EUA desejam que não haja violência e que haverá um acordo de partilha do poder que ajude esta nação a resolver as suas dificuldades”.
Um destacado funcionário da Administração Bush adiantou que o principal objectivo da missão de Rice é o de sublinhar que o governo queniano não tem o apoio incondicional do governo americano, a menos que faça concessões durante as conversações.
Os negociadores do governo, alegadamente, têm resistido a uma proposta de um governo de coligação. A oposição, que ganhou quase metade dos lugares no Parlamento, exigiu um apreciável número de pastas ministeriais ao abrigo de um acordo de governo.
Annan disse, na sexta-feira, que um partido isolado não pode aprovar a legislação necessária para pôr em marcha as reformas necessárias. O antigo secretário-geral da ONU está em crer que uma determinada forma de partilha de poder ou do que ele chamou de grande coligação é necessária para ultrapassar o impasse que tem paralisado o governo queniano e que ameaça o crescimento económico daquele país. Disse Annan: “Exorto os meus amigos quenianos, bem como os líderes políticos a considerar esta partilha do poder como uma opção séria. Caso contrário, têm que me convencer que separadamente o podem fazer e que divididos são capazes de fazer avançar esta nação. Eu não vejo como.“
Ambos os lados assinaram um acordo de quatro páginas que apela para a realização de uma investigação independente às eleições presidenciais e para o julgamento daqueles responsáveis pelos actos de violência.
O acordo apela também para a criação de uma comissão da reconciliação e da verdade e urge para que sejam feitas profundas reforças nas instituições quenianas, nomeadamente a lei eleitoral, as instituições políticas e as forças de segurança.
Annan deverá retomar o processo de mediação na terça-feira.