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Sonangol Força Entrada No BFA


A renúncia do BFA ao acordo que estabelecera com as autoridades angolanas, ao abrigo do qual faria parte de um sindicato bancário para financiar projectos governamentais acabou por pesar nas negociações relativas à dimensão da participação que a SONANGOL pretende adquirir naquele banco, soube a Voz da América de boa fonte.

Após ter recebido uma carta da SONANGOL que dava conta da sua decisão de retirar os activos que tinha naquele banco, o presidente do BFA, Emílio Pinheiro contactou autoridades governamentais angolanas de quem recebeu a sugestão de que deveria resolver o problema com o seu cliente, ou seja, com a SONANGOL, pois que o governo em momento algum dera quaisquer instruções à petrolífera.

Foi-lhe sugerido ainda assim que nesse processo negociasse com a SONANGOL não só uma solução que levasse esta companhia a rever a sua decisão de retirar os seus activos, como também oferecesse alternativas capazes de suavizarem o impacto da sua decisão de se retirar do sindicato bancário que deveria emprestar 3 mil milhões e meio de dólares ao governo angolano.

A inclusão do BFA neste sindicato foi sugerida pela petrolífera angolana, que há algum tempo vinha negociando com o BPI, a holding que controla o BFA, a compra de uma percentagem neste banco. <O BFA foi incluído nesta operação em parte porque a SONANGOL tinha confiança nele>, disseram as fontes contactadas pela Voz da América.

Logo que foi conhecida a decisão do BFA de renunciar ao acordo que então estabelecera com as autoridades angolanas, a SONANGOL em carta enviada ao presidente do BFA, Emílio Pinheiro comunicou a sua decisão de fechar todas as contas que detinha naquele banco, o que levou este a um imediato exercício de controlo de estragos.

Apesar da reafirmação do ministro adjunto do primeiro ministro, Aguinaldo Jaime, de que em momento alguma Luanda dera instruções à SONANGOL ficou subjacente uma relação de causa e efeito entre a reacção da SONANGOL, e o desencanto do governo de Angola.

Fontes governamentais contactadas pela Voz da América não esconderam o mal estar criado pela reviravolta do BFA. <A salvaguarda dos interesses do banco estava garantida. Nós seríamos os primeiros a respeitar os títulos do banco central (TBCs) e a injectar liquidez no banco se fosse caso disso. O que nós constatamos é que a estrutura de balanço do BFA tem rendimentos de TBCs que a sua direcção não queria abdicar. Não é uma posição razoável porque além de que tínhamos oferecido garantias, o BFA fez uma grande fortuna com fundos de clientes como a SONANGOL>.

Luanda já se tinha incomodado no passado com sugestões de executivos daquele banco de que a abrir-se a angolanos, fa-lo-ía através do mercado de capitais, o que chocava com o seu interesse em ver a SONANGOL na sua estrutura accionista.

Perante a renúncia do BFA, Angola partiu para uma solução co-liderada pelo Banco Africano de Investimentos, BAI, de que a SONANGOL é accionista, e pelo Banco Espírito Santo Angola, BESA, cuja contribuição para a empreitada começou a ser executada após a disponibilização há uma semana de mil milhões de dólares, uma parte da sua contribuição .

O incidente que aconteceu há coisa de um mês e meio acabou por dar à petrolífera angolana argumentos para exigir mais do banco.

A Voz da América soube de fonte fidedigna que se por um lado a SONANGOL não vai levar até ao fim a sua decisão de retirar os fundos que detém naquele banco, por outro lado não abdica da compra de 49 por cento das suas acções. O BPI que viu a SONANGOL inviabilizar a sua intenção de comprar o BCP Millenium, apenas oferece 40 por cento.

A entrada da SONANGOL no capital do BFA faz parte de um plano da companhia de deter acções nos principais bancos comerciais angolanos. A petrolífera angolana negociou com o BPC Millenium a compra de 49 por cento do Millenium Angola. Detém igualmente uma participação qualificada no BAI e outra no Banco Privado Atlântico através da AAA de que é detentora. Contactados pela Voz da América, o Banco de Fomento Angola e o BPI alegaram sigilo bancário para não se pronunciarem.

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