Na Guiné-Conakry, os advogados estão em greve, em protesto pela detenção e duro tratamento de um advogado no mês passado. Advogados e activistas dos direitos humanos no país disseram que os militares e a policia continuam a abusar da sua posição, apesar das promessas do primeiro-ministro de que eles seriam responsabilizados.
Uma investigação sobre o envolvimento das forças de segurança nas mortes de mais de 100 civis durante protestos no principio do ano, está parada.
Quando o advogado Mohamed Lamine Doumbia visitou a prisão central de Conakry, para um encontro de rotina com um cliente, disse que foi tratado como um criminoso.
Ele disse que foi arbitrariamente detido e encarcerado, que o seu telemóvel foi apreendido e que foi interrogado pela policia.
Doumbia afirmou que o seu caso é suave comparado com muitos outros incidentes graves.
O advogado disse que um dos seus colegas foi preso no meio da noite sem mandato de captura e que levaram dinheiro de duas casas.
Doumbia acrescentou que nenhuma das pessoas responsáveis por aqueles actos enfrentou consequências.
Disse que todos os advogados da Guiné-Conakry estão em greve e não regressarão ao trabalho até que sejam dados passos reais para resolver o problema da impunidade no país.
O advogado disse que os indivíduos que estão encarregues de proteger os cidadãos da Guiné-Conakry estão a cometer crimes terríveis e o sistema de justiça nada pode fazer.
Protestos em massa contra o governo em Janeiro e Fevereiro foram brutalmente reprimidos, tendo sido mortas mais de 100 pessoas.
Os protestos terminaram quando o presidente Lansana Conte aceitou nomear um novo primeiro-ministro e entregar-lhe alguns dos seus poderes.
O primeiro-ministro Lansana Kouyat prometeu que iria fazer reformas, nomeadamente na área do sistema judicial.
Mas Doumbia e outros advogados dizem que ainda não foram efectuadas mudanças.
Em Maio, o parlamento criou uma comissão para investigar o envolvimento das forças de segurança na violência em Janeiro e Fevereiro. Mas os membros da comissão foram somente nomeados no mês passado e tem ainda de encontrar um local para se reunirem.
Thierno Maadjou Sow, presidente da Organização para a Defesa dos Direitos Humanos da Guiné-Conakry, afirmou não acreditar que a comissão venha algum dia a funcionar.
Sow disse que algumas pessoas na Guiné-Conakry são intocáveis.
O cargo de primeiro-ministro não existe na constituição da Guiné-Conakry. Anteriores primeiro-ministros reformistas foram demitidos pelo presidente Conte.
Durante as manifestações de Janeiro e Fevereiro deste ano, o presidente Conte afirmou que “é Deus que dá o poder, e quando ele dá a alguém, todas as pessoas devem estar por detrás desse alguém”.