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Festival Une Costa-Marfinenses


Na Costa do Marfim, um festival celebrando as máscaras tradicionais africanas parece ter ajudado a unificar o país. Os organizadores do festival que acabou no fim de semana, afirmam que aquele evento provou que os laços culturais podem também aproximar uma população dividida pela guerra civil desde 2002.

Um aldeão local dança ao ritmo do batuque perante uma multidão de espectadores. Para além das vestes tradicionais feitas com folhas secas, uma máscara, o símbolo do festival, cobre a sua face. Em muitas regiões da Costa do Marfim, a máscara é emblemática da cultura local. Durante cerimónias como esta realizada em Zahibo, os dançarinos mascarados apelam aos espíritos dos seus antepassados para que lhes dêem assistência e protecção. Contudo, a violência e a instabilidade política impediram a cerimónia de realizar-se nos últimos anos. Este ano, no entanto, o legislador marfinense Niolas Djetoa tomou entre mãos a realização do festival denominado por ”Zombo 2007”.

No passado, cada aldeia realizava o seu próprio evento mas, desta feita, o ”Zombo 2007” reuniu, em Zahibo, dançarinos mascarados assim como espectadores de 10 aldeias diferentes.

Djetoa afirmou-nos que o festival se destina a fazer reviver a tradição das máscaras que tinha vindo a perder-se nos tempos mais recentes. Acrescentou que os participantes estão a tentar manter a sua cultura independentemente da situação política no país. Segundo ele, a cultura ajuda o país a viver normalmente e promove a unidade nacional. A Costa do Marfim tem estado dividida desde o início da guerra civil em 2002. Os rebeldes controlam o Norte e o Sul está nas mãos do governo. Uma denominada ”zona de confiança” existia até Setembro passado na fronteira entre os dois lados. Apesar do seu nome, aquela zona, debaixo de rigorosas patrulhas das Nações Unidas, foi palco dos incidentes mais violentos ocorridos no país. A aldeia de Zahibo fica precisamente dentro da antiga ”zona de confiança”. Djetoa salienta, no entanto, que marfinenses do Norte e do Sul participaram no festival que decorreu pacificamente.

Djetoa manifestou a sua alegria em ver os antigos rebeldes do Norte confraternizando com os marfinenses do Sul. Segundo ele, o festival não tem cor política e foi organizado por apoiantes de diversas formações políticas. Um dos organizadores, Mathias Doudou, afirmou-nos que o festival de máscaras tem o condão de fazer com que pessoas que se degladiavam vejam agora aquilo que têm em comum.

Esta região tem muitos grupos étnicos diferentes, mas, afirmou ele, a cultura é a mesma. Doudou acrescentou que, depois do sucesso do festival, os organizadores estão a pensar alargá-lo ainda mais no ano que vem e convidar representantes de todas as regiões do país.

Os organizadores afirmam também que vão pedir ajuda financeira ao governo no próximo ano. Dizem eles que precisam daqueles fundos para ajudar a pagar os transportes, de modo a que o maior número possível de marfinenses possam participar nas festividades.

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