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Refugiados da Mauritânia Vão Regressar a Casa


O Alto Comissariado da ONU para os Refugiados vai assinar um acordo para repatriar mais de dez mil refugiados mauritanianos que têm estado no Senegal, há mais de duas décadas. Analistas afirmam que esta é uma repatriação que tarda em fazer, mas advertem para as divisões étnicas podem ser agravadas quando os retornados voltarem.

Autoridades da Mauritânia e do Senegal estão a cooperar com as Nações Unidas na assinatura de um acordo, que terá lugar em Nouakchott, a capital mauritaniana.

O representante do Alto Comissariado da ONU para os refugiados, Alphonse Munyaneza, afirma que o acordo estabelece a plataforma para a repatriação de cerca de 12 mil refugiados às suas terras de origem: “Estamos a virar uma página. Para mim, o governo quer encerrar um capítulo sombrio da história e eles querem consolidar a unidade nacional.”

Mais de 60 mil mauritanianos de origem africana fugiram do país nos finais da década de 80, na sequência de purgas étnicas lideradas pelo governo do antigo ditador Maaouya Ould Sid Ahmed Taya, dominado por elementos da etnia árabe.

Cerca de metade dos refugiados regressaram à Mauritânia nos últimos anos. Agora, o novo governo, eleito no início do ano, convidou os restantes refugiados a regressarem a casa.

Munyaneza afirma que o governo da Mauritânia está muito empenhado em garantir que a repatriação se faça sem incidentes: “O governo da Mauritânia concordou em restaurar a cidadania aos refugiados para que estes recebam os bilhetes de identidade que lhes foram retirados, para que reconquistem os seus direitos. O direito de propriedade, o direito à terra. É, na realidade, um grande passo que se está a dar.”

Mas, a analista Kissy Agyeman, do grupo de investigação Global Insight, que tem a sua sede em Londres, afirma que alguns refugiados receiam a forma como irão ser tratados, quando regressarem à sua terra natal: “Uma ONG, cujo mandato é garantir o regresso dos refugiados em segurança, alegou, recentemente, que alguns retornados foram, na realidade, colocados na prisão, há bem pouco tempo, e isso faz com que os refugiados estejam receosos de que não lhes irá ser dado um estatuto de igualdade na Mauritânia.”

Kissy Agyman afirma que o presidente da Mauritânia, Sidi Ould Sheikh Abdallahi, tem como uma das prioridades do seu governo ultrapassar as divisões étnicas existentes no país.

Mas, diz ela, as divisões étnicas mantêm-se vivas:“Temos grupos muitos distintos no país e os negros da Mauritânia há muito que se queixam de ser marginalizados pelos sectores da sociedade com a pele mais clara, afastando-os de posições no governo.”

O representante do Alto Comissariado da ONU para os Refugiados, Alphonse Munyaneza, anunciou que a repatriação vai começar em Dezembro e que um grupo piloto será enviado à frente para testar o processo e garantir que os refugiados serão bem recebidos.

Diz ele que, neste momento, a questão mais importante é garantir que o governo da Mauritânia disponibilizará o dinheiro necessário para concretizar este projecto de regresso dos seus cidadãos.

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