A Agência das Nações Unidas para os Refugiados afirmou que há indícios de que podem recomeçar a qualquer momentos os confrontos entre forças governamentais, renegados das forças armadas e rebeldes na província de Kivu Norte na República Democŕatica do Congo.
O porta-voz daquela agência da ONU, Andrei Matecic, afirmou que as várias partes em conflito na província congolesa de Kivu Norte estão a preparar-se activamente para recomeçarem os confrontos. Matecic salientou que o recomeço da violência poderia agravar substancialmente a crise humanitária naquela província: ”Nós tememos que novos confrontos se traduzam por mais milhares de desalojados e que torne ainda pior o desastre humanitário a que já se assiste na província. A situação já é extremamente difícil com a existência de 370 mil desalojados desde Dezembro de 2006.”
Matecic acrescentou que há também notícias do recrutamento de crianças através do Kivu Norte para fortalecer as fileiras das várias facções. As Nações Unidas falam também de graves e sistemáticas violações dos direitos humanos através da região.
Segundo Matecic, estas violações levaram à pior situação dos últimos três anos em matéria de populações desalojadas. E acrescentou que o número de pessoas deslocadas internamente na zona de Mugunga, a oeste de Goma, já ultrapassa os 80 mil.
O porta voz daquela agência da ONU afirma que há tanta gente tentando fugir à violência que os campos existentes não podem acolher mais refugiados.
Salientou, por outro lado, que as condições dentro dos campos são tão más que começam a surgir tensões. Essa tensões chegaram a um ponto em que os próprios trabalhadores das agências de auxílio se vêem na impossibilidade de entrar nos campos temendo pela sua própria segurança. Violentos confrontos eclodiram, no mês passado, no Kivu Norte entre tropas do governo e forças rebeldes, leais ao líder tutsi e antigo general do exército Laurent Nkunda. Aquele último afirma que está a lutar para proteger a minoria tutsi dos ataques dos hutus ruandeses naquela zona. O governo congolês tem vindo a tentar controlar, sem sucesso, a região do Leste do país desde o termo da guerra civil, em 2003.