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Reacções Africanas à Criação do AFRICOM


Quando os Estados Unidos lançaram oficialmente um novo comando militar para África, vários países do continente reagiram positivamente. A Libéria, por exemplo, ofereceu-se para acolher uma possível base. Mas, outros países, sobretudo na zona austral do continente, estão contra o aumento da presença militar americana, vista como desnecessária e uma intrusão. Em destaque neste trabalho as razões porque o AFRICOM poderá fazer face a resistência no continente e como os responsáveis americanos explicam o propósito do novo comando.

A presidente liberiana Ellen Johnson Sirleaf convidou o novo comando militar americano em África a instalar a sua sede na Libéria, aliado histórico dos Estados Unidos.

Lawrence Bropleh, ministro da Informação liberiano mostra-se esperançado de que a presença americana possa criar postos de trabalho e ajudar à reconstrução do país, devastado por recentes guerras civis.

O presidente do Botswana, Festus Mogae, disse não estar fechado à possibilidade de cooperar com os Estados Unidos sobre o novo comando, mas não sabe como seria essa cooperação.

Jeff Ramsay o porta-voz do presidente Mogae diz: “Sabemos que (os americanos) visitaram muitos países africanos para os consultar sobre o projecto mas, por outro lado, não estamos muito seguros sobre o que é a proposta. A nossa posição é a de que não temos posição nesta altura.”

Outros tem sido claros na sua oposição a um novo comando para África.

Os países da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral, SADC, têm tentado criar uma posição comum de resistência ao comando.

Ryan Henry, alto funcionário do Pentágono, está a tentar passar a mensagem de que o novo comando não é necessariamente um aumento da presença militar em África, mas que visa a restruturação de algo que já existe: “Mantivemos consultas com a África do Sul e, nessa altura, deixamos claro que o AFRICOM não é uma questão de bases, de novas forças, pelo que não vimos isso como um problema. Nunca houve planos para colocar quaisquer forças na África do Sul, em países da SADC ou em qualquer outra parte do continente.”

A responsabilidade pelo envolvimento militar americano em África tem estado dividida entre três comandos. Com a unificação, os responsáveis esperam melhorar a eficácia do envolvimento.

Os analistas dizem que a criação do AFRICOM reflecte a crescente importância de África para a segurança e os interesses dos Estados Unidos.

O advogado senegalês dos Direitos Humanos, Ibrahima Kane, afirma que as nações africanas têm trabalhado arduamente nos últimos anos para tornar o continente mais independente. Ele preocupa-se por o comando poder significar uma maior influência estrangeira: ”Penso que a melhor forma de lidar com as questões africanas é dar aos países africanos autoridade para lidarem com essas questões mas, se incluirmos outros países e actores que não têm o mesmo objectivo, será prejudicial para todo o continente.”

Com a guerra desencadeada pelos Estados Unidos contra o terrorismo, África tornou-se num interesse de segurança estratégica. Muitos acreditam que África é um lugar potencialmente seguro para grupos terroristas.

Kane acredita que um maior envolvimento dos militares americanos poderá envolver nações africanas em conflitos que não lhes dizem respeito.

Há analistas que se mostram preocupados por os objectivos militares americanos do AFRICOM se poderem misturar com os esforços humanitários do governo americano.

Críticas e resistência a um novo comando era algo esperado, na opinião de J. Peter Pham, do Instituto Nelson para Assuntos Internacional e Diplomacia Pública. Mas Pham acredita que os Estados Unidos podem obter apoio, mesmo dos mais duros críticos, se trabalharem de perto com entidades como a União Africana e a sua presença for discreta.

Responsáveis militares americanos dizem que os detalhes do AFRICOM ainda têm que ser trabalhados, mas dizem que a intenção é a de estabelecer cerca de cinco bases no continente.

O comando africano -- temporariamente sediado em Estugarda, na Alemanha -- deverá estar totalmente operacional em finais de 2008.

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