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Evitar o Terrorismo Nas Regiões Desérticas da África Ocidental


Oficiais do exercito americano estão a dirigir um exercício anti-terrorismo denominado “Flintlock” no deserto do Saara, envolvendo centenas de militares da maior parte de África. Alguns analistas afirmam que a Iniciativa de Contra-Terrorismo Trans-Sahariana está mal dirigida e é uma perda de milhões de dólares.

O coronel americano Mark Rosenguard tem dirigido o que chama de teatro militar do exercício na capital do Mali, Bamako. Os participantes decidem em comum os problemas que enfrentam, como drogas e contrabando de armas.

O coronel Rosenguard disse que não interessa saber qual é o inimigo. O que interessa, acrescentou, e que eles aprendam como trabalhar em conjunto para resolver problemas regionais.

O coronel encontra-se à frente do programa desde que ele começou em 2003 com o nome Iniciativa Pan Sahel para evitar o terrorismo nas regiões desérticas da África Ocidental, trabalhando primeiro com o Chade, Mali, Niger e Mauritânia.

Dois anos depois, o programa acrescentou a sua lista Marrocos, Argélia, Tunísia, Senegal e Nigéria.

Mas o criminologista francês Xavier Raufer, da Universidade de Paris, disse que o maior problema do governo e que os americanos não compreendem que a criminalidade no Sahel espalha-se do Senegal ao Sudão.

“Você tem pessoas que chegam a um gabinete e tem paginas com perguntas e respostas. Eles querem respostas que possam colocar num computador. Coisas tais como bandidos ou terroristas 100 por cento inadulterados não existe em África”.

Raufer disse que as tentativas americanas de escolher potenciais terroristas de drogas e contrabando de armas são ineficazes e potencialmente perigosas se foram vistas a luz da retaliação pelos ataques aos Estados Unidos.

“Quando um primo é morto lutando por qualquer razão, você tem dois outros primos substituindo-o porque as bases de uma sociedade tribal são noções de honra e vingança”.

O investigador sahariano Jeremy Kennam, sediado em Londres, afirmou que os governos africanos tiram a vantagem do secretismo do deserto para falarem de terrorismo a fim de receberem dinheiro para financiarem as suas forças armadas de veículos antiquados, uniformes esfarrapados e baixos salários.

“Hoje a palavra terrorismo é inapropriadamente usada para descrever qualquer incidente que seja anti-governamental e cause problemas de uma espécie ou outra.”

Mas os países que recebem apoio anti-terrorismo da América dizem que a ameaça é real. O governo do Mali lançou um apelo internacional para combater uma recente nova onda de violência no nordeste do pais, envolvendo nómadas tuaregues.

Funcionários do Departamento de Estado encarregados de programas de contra-terrorismo em África não responderam as questões colocadas por esta reportagem sobre como e que o programa Trans-Sahariano define terrorismo, quando gasta com ele e como e que avalia o seu sucesso.

Mas em artigos no Quartely Defense Review, uma publicação do Departamento da Defesa, oficiais superiores escrevem que a Iniciativa Trans-Sahariana ajudou a evitar terroristas transnacionais de obterem refugio no leste do Niger, não fornecendo mais pormenores.

De acordo com um documento do Congresso, o governo dos Estados Unidos pediu mais de 27 milhões de dólares para gastar em iniciativas sobre terrorismo em África, para alem dos actuais 20 milhões de dólares.

O exercício “Flintlock” termina amanhã, sábado, é o segundo a ser levado a cabo no âmbito da Iniciativa de Contra-Terrorismo Trans-Sahariana.

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