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Sexta Feira 13 : Miala na Cadeia


Por alguma razão, sexta-feira 13, é conhecida na história como sendo um dia de azar. E o General Fernando Garcia Miala antigo chefe dos SIE, Serviços de Inteligência Externa de Angola, tem razões para concluir isso.

Oficiais da polícia Judiciária Militar executaram o mandato de captura, subsequente ao despacho de pronúncia do Juiz do Supremo Tribunal Militar, general António dos Santos Neto, <Patónio>, consumando a sua detenção, soube a Voz da América de fonte oficial.

Foram detidos, também, o coronel Miguel Francisco André, antigo director-geral Adjunto dos SIE, a tenente-coronel Maria da Conceição Domingas, ex-directora da Contra Inteligência Externa, e o tenente-coronel Ferraz António, director de Estudos e Planeamento.

Sobre eles pesa a acusação de crime de insubordinação traduzida na recusa em se apresentarem no Estado Maior-General das Forças Armadas, para tomarem parte na execução de ordens do comandante em chefe de Angola, decididas após a conclusão da sindicância que este mandara instaurar na sequência da exoneração de todos eles a 24 de Fevereiro do ano passado.

Após a conclusão da sindicância instaurada a 27 de Fevereiro, o presidente José Eduardo dos Santos determinou a despromoção de Fernando Miala ao grau de tenente-general. Miguel Francisco André, ao tempo coronel das Forças Armadas foi despromovido ao grau de tenente-coronel. Ambos ignoraram todas as instruções para se apresentarem no Estado Maior General, onde além de despromovidos em cerimónias públicas, seriam igualmente colocados compulsivamente na reforma.

Os tenentes-coronéis Ferraz António e Maria da Conceição Domingas, são também acusados de crime de insubordinação, por terem ignorado as convocatórias para comparecerem no estado-maior general das FAA onde seriam também compulsivamente colocados na reforma.

Miala que já foi um dos homens de mais confiança de José Eduardo dos Santos caiu em desgraça a 24 de Fevereiro do ano passado, após o brigadeiro Gilberto Veríssimo, também oficial dos SIE ter comunicado ao chefe da Casa Militar, general Helder Vieira Dias, <Kopelipa> que Ferraz António, Miguel Francisco André e outros oficias de menor grau tinham feito alusão à tomada de <medidas activas>. A conversa teria sido mais uma tertúlia igual a outras, onde segundo os resultados da sindicância com frequência, a pessoa do presidente da República era alvo de actos de desrespeito.

A sindicância instaurada pelo Presidente concluiu entre outras coisas, que Miala tinha transformado os SIE num instrumento pessoal desrespeitando a lei, e as ordens do José Eduardo dos Santos. Miala foi igualmente acusado de interferir nas missões da escolta do chefe de estado, de efectuar escutas não autorizadas e de se envolver em relações promíscuas com determinados membros da comunicação social.

Apesar da gravidade destas e de outras acusações, Miala e os seus antigos assistentes nunca foram levados a tribunal. A detenção esta sexta-feira 13 segue-se ao facto de os quatro terem ignorado todas as intimações feitas pelo estado Maior General. Segundo o que apurou a Voz da América nenhum deles se conformou com a perspectiva de se sujeitarem a uma cerimónia pública de despromoção e encaminhamento à reserva.

Fernando Miala tem também outro dois processos a correr na justiça. É arguido no processo do seu próprio divórcio, e tem às costas um cidadão português por ele contratado para gerir uma fazenda que detém no Kwanza-Sul. Este cidadão reclama o pagamento de dois milhões de dólares de indemnização correspondentes a salários e outras compensações.

Segundo o que apurou a Voz da América, a fazenda em questão tem uma dimensão de 600 hectares, e situa-se no Kissute, localidade que separa o Sumbe da Gabela. Como resultado deste processo parte dos bens que Miala detinha na fazenda foram penhorados, estando agora à guarda da DIGITEX no Sumbe.

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