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Violência Constante no Delta do Níger


Num complexo residencial abandonado, previamente ocupado por trabalhadores petroquímicos indianos, um guarda caminha por entre os destroços causados por uma explosão de dinamite. Os explosivos foram detonados por militantes que visitaram o local na madrugada de sábado.

Afirma ele que dois trabalhadores indianos foram feitos reféns. Os outros indianos conseguiram fugir, mas deixaram no local os seus pertences. Não há presença militar em torno do complexo, e , o guarda que se encontra no local, não esconde o medo que sente. Ele diz que, onde existe petróleo existe perigo. Os militantes que dizem lutar para conseguir que os rendimentos do petróleo sejam distribuídos pelo povo do delta do Níger, conseguem por vezes um milhão de dólares pela libertação de um grupo de reféns. O guarda, que preferiu manter o anonimato devido temer represálias, afirma acreditar que os militantes levam a cabo os ataques apenas pelo dinheiro:

” Eles não lutam pela justiça. Se fosse pela justiça não teriam destruído estas coisas. Acho que estão a lutar pelo dinheiro.”

Entidades oficiais da companhia Indonésia “Indorama”, que empregava aqueles indianos, não deram, entretanto, mais informações sobre o caso.

Numa igreja de Port Harcourt, fiéis participaram num serviço em memória de Casi Boate, que deixou recentemente os “gangs” e os grupos militantes tentando advogar a não-violência.

Ele foi morto por um membro de uma quadrilha rival em represália pelo recente assassinato de um líder dum outro “gang”, quando visitava a sua residência no Estado de Bayelsa, também no Delta do Níger. A sua irmã, Rosemary, afirma que muitos jovens locais, tanto nas escolas como nas ruas, são aliciados a juntarem-se a grupos violentos que praticam actos criminosos e que pedem justiça para aquela empobrecida região petrolífera. Diz Rosemary: ”Os que estão nas ruas tentam aliciar os que estão nas escolas. Os que estão nas escolas tentam aliciar os outros. É uma espécie de circulo vicioso.”

O presidente cessante da Nigéria, Olusegun Obasanjo, tentou desarmar os grupos que estiveram na origem da violência em 2004, mas os seus esforços falharam. Os militantes recebiam até 200 dólares para entregarem as suas armas, mas com esse dinheiro compravam ainda mais armamentos. Novos governadores estaduais assim como o novo presidente nigeriano Mussa Yar Adua deverão tomar posse a 29 de Maio. Observadores internacionais, activistas nigerianos dos direitos humanos, líderes da oposição e chefes militantes do Delta do Niger denunciaram as recentes eleições considerando-as como fraudulentas.

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