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Ban Ki-Moon à VOA: Sudão Tem que Aceitar Força para Darfur


O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, afirma que o Sudão tem que aceitar uma robusta força internacional de manutenção da paz para a região de Darfur.

Ban Ki-moon fez este comentário, numa entrevista em exclusivo à VOA. O Secretário-geral da ONU está a fazer preparativos para a eventual criação de uma missão híbrida, apoiada pela ONU.

Ban disse à VOA que está a efectuar consultas com muitos líderes africanos para pressionar o Sudão a cumprir o acordo celebrado com as Nações Unidas e com a União Africana, em Novembro passado, em Addis Abeba. O secretário-geral da ONU apontou para a crescente frustração internacional e a falta de progresso em travar a violência em darfur e anunciou que irá sublinhar de novo esta questão quando se reunir com os líderes árabes, por ocasião da cimeira dos líderes árabes que, este mês, se vai reunir na Arábia Saudita.

O acordo de Addis Abeba tem três fases e apela para que o Sudão autorize o que ficou designadopor um pacote de ajuda de três mil polícias militares da ONU bem equipados a enviar para Darfur. Esta força iria preparar caminho para o envio eventual de uma força mista da ONU e da União Africana de 21 mil homens. Essa força iria substituir a missão de sete mil homens da União Africana que ali se encontra destacada debatendo-se com dificuldades financeiras.

Numa carta enviada, este mês, a Ban Ki-moon o presidente Omar al-Bashir, do Sudão, aparentemente desautorizou o acordo de Addis Abeba. Mas, o novo secretário-geral da ONU disse à VOA que se não deve permitir que o presidente Bashir volte atrás com a sua palavra: “É lamentável que o presidente Bashir tenha levantado várias reservas às minhas propostas para enviar um pacote de ajuda reforçado e de uma força híbrida de manutenção da paz. Esta proposta foi feita em estreita coordenação com a União Africana e de acordo com os acordos de Addis Abeba e de Abuja. Isto é algo que o Sudão tem que arranjar maneira de cumprir.”

O chefe da ONU afirma que irá continuar a pressionar para uma solução política para Darfur que permita a distribuição da ajuda humanitária às populações desesperadamente necessitadas da região. Ban Ki-moon nomeou o antigo ministro dos Negócios Estrangeiros da Suécia e presidente da Assembleia Geral, Jan Eliasson, seu enviado especial para o processo político.

Eliasson deverá seguir, na próxima semana, para Cartum para conversações, acompanhado pelo sub-secretário-geral da ONU, Entretanto, Ban Ki-moon anunciou que está também a fazer avançar os preparativos para o envio da força militar: “Propus também a nomeação de um representante conjunto e do comandante das forças. Fizemos todos os preparativos para que sejamos capazes de contribuir para a resolução da questão de Darfur”.

Pelo menos 200 mil pessoas morreram desde que os rebeldes de Darfur pegaram em armas contra o governo sudanês, no início de 2003.

Activistas dos Direitos Humanos acusam o governo de ter respondido, lançando as milícias tribais árabes, os Janjaweeed, responsabilizadas por atrocidades generalizadas contra a população de etnia africana. O governo de Cartum nega estas acusações.

Os EUA e algumas organizações de defesa dos Direitos Humanos afirmam que aquelas atrocidades constituiriam um genocídio.

Mais de dois milhões e meio de pessoas fugiram de suas casas para escapar à matança. Não obstante, alguns actos de violência extravasaram para o vizinho Chade e República Centro Africana, onde a maioria dos refugiados de Darfur vivem, em acampamentos extremamente precários.

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