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Cimeira Franco-Africana em Cannes


Chefes de Estado africanos vão reunir-se numa cimeira com a França e outros países da União Europeia, encontro que arranca esta quinta-feira, na cidade francesa de Cannes.

Mais de 30 chefes de Estado africanos, incluindo Armando Guebuza, de Moçambique, e Nino Vieira, da Guiné-Bissau, participam nesta cimeira franco-africana.

Entre os presidentes que irão estar ausentes conta-se José Eduardo dos Santos, de Angola, Thabo Mbei, da África do Sul, Laurent Gbagbo, da Costa do Marfim, e Lansana Conté, da Guiné-Conackry, país onde foi declarado o estado de emergência.

Esta será última cimeira do género de que será anfitrião o presidente Jacques Chirac que, durante a última década, tem cultivado relações estreitas com os líderes africanos.

Enquanto as autoridades francesas procuram garantir que os líderes africanos mantenham ligações estreitas com Paris, analistas políticos afirmam que será difícil manter o vazio que será deixado em aberto, após a saída do presidente Chirac.

Um analista do Centro Nacional de investigação Científica, que tem a sua sede em Paris, Roland Marchal, afirma que África irá perder um forte advogado da sua causa na arena política internacional. Diz Marchal: “Chirac procurou sempre manter África na agenda internacional para além dos interesses da pessoais da França. Não estou seguro que Nicolas Sarkozy ou Segolene Royal partilhem da mesma perspectiva política”.

Nicolas Sarkozy e Segolene Royal são os principais candidatos às próximas eleições presidenciais francesas.

Mas, o analista político e de questões dos Direitos Humanos, o senegalês Ibrahima Kane, afirma que a França já não significa o que significava para Àfrica: “Há uma nova geração de africanos que já não vão para França, cuja referência deixou de ser a França e cuja referência é a América e a Ásia, que estão a fazer um melhor trabalho em desenvolver laços com o continente. Penso que esta tendência mostra que, nos próximos 20 ou 25 anos, a situação irá mudar completamente e que irá impôr aos nosso líderes uma mudança de política”.

Centenas de manifestantes africanos, bem como membros de organizações não governamentais - que afirmam que esta cimeira pouco faz a favor do africano comum - também planeiam estar em Cannes para sublinhar a sua posição de protesto.

Caroline Maurel, da OXFAM-França, afirma que o apoio dos políticos franceses a ditadores africanos tem empobrecido o continente: “A França é responsável por ter colocado no poder alguns desses ditadores. Se a França promover a boa governação e um tipo de cooperação diferente, então estaria a ajudar África e a população faria, finalmente, ouvir a sua voz”.

À margem desta cimeira França-África, os presidentes do Sudão, do Chade e da República Centro-Africana irão reunir-se para tentar resolver questões regionais.

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