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Conté Faz Cedências à Oposição


Lansana Conté, o presidente da Guiné-Conackry, aceitou nomear, num futuro próximo, um primeiro-ministro com base num consenso, por forma a travar a vaga de manifestações sangrentas que têm tido lugar naquele país.

A decisão foi anunciada na sequência dum encontro entre o presidente Lansana Conté e dirigentes sindicais, encontro esse mediado por líderes religiosos. Um dos clérigos afirmou que o presidente guineense estava na disposição de ouvir a voz do povo e que devia ser encontrado um candidato a primeiro-ministro digno de crédito.

A Guiné Conackri encontra-se sem primeiro-ministro desde Abril passado. Anteriormente, os dirigentes sindicais tinham apelado à demissão do próprio Conté mas, alguns deles, demarcaram-se, entretanto, dessas exigências depois das manifestações de segunda-feira passada, que degeneraram em confrontos com forças de segurança e que causaram dezenas de mortes.

A greve começou no dia 10 de Janeiro, quando o presidente guineense decidiu libertar dois dos seus aliados, que se encontravam na prisão. Um observador regional dos direitos humanos, Patrick Ngouan, afirmou esperar que um acordo se traduza também por reformas no seio das forças de segurança guineenses de modo a que protejam todo o povo e não apenas o presidente: ”As forças de segurança da Guiné Conackry estão habituadas à ausência de democracia. Trata-se de uma herança do antigo partido e a situação hoje é a mesma com o partido único. Essas forças têm que ser forças republicanas e não forças destinadas a perpetuar o poder de Lansana Conté.”

Testemunhas oculares afirmaram que foi o próprio filho do presidente Conté quem liderou algumas das forças de segurança na repressão sangrenta dos manifestantes, na segunda feira, nas ruas de Conackri. O governo recusou-se a comentar notícias de que aquelas forças usaram munições reais para disparar sobre os manifestantes. Quanto ao filho do presidente, este negou que estivesse sequer na capital quando se verificaram os incidentes. Entretanto, a responsável das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Louise Arbour, apelou à abertura de uma investigação internacional ao sucedido. Recordamos que o presidente Lansana Conté se encontra no poder há 23 anos, na sequência de um golpe de Estado. Nos últimos anos, os preços dos bens de consumo básico aumentaram drasticamente, enquanto os serviços governamentais deixaram virtualmente de existir.

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