O mais alto responsável das operações humanitárias das Nações Unidas revelou que o número de carenciados de assistência humanitária em Darfur atingiu os quatro milhões, com tendência para um incremento em flecha.
O secretario-geral adjunto da ONU, Jan Egeland, estima, por outro lado, que, actualmente, um milhão de pessoas, necessitadas dessa ajuda estejam em regiões, fora do acesso doas equipas das agências de assistência humanitária.
Depois de um período de uma relativa acalmia em Darfur, as condições tem estado, nos últimos tempos, a deteriorar-se com as milícias Janjaweed, apoiadas por Cartum, e levarem a cabo novas incursões contra as populações civis da região.
Num relatório submetido ao Conselho de Segurança da ONU e que reflecte as constatações decorrentes da sua mais recente deslocação à região, Jan Egeland revela que as milícias têm estado a rearmem-se, numa clara violação das medidas aprovadas por aquele órgão da ONU, há precisamente dois anos.
De acordo com aquele alto responsável das Nações Unidas, o numero de vítimas mortais, que atingiu níveis alarmantes há precisamente dois anos, está de novo a atingir níveis de crescimento preocupantes.
Egeland revelou, por outro lado, que o número de membros da população civil carentes de assistência humanitária imediata quadruplicou desde a sua primeira visita aquela volátil região sudanesa.Disse ele:“ Presenciei uma dramática deterioração da situação em Darfur. Estive lá em 2004, quando um milhão de pessoas necessitava de assistência humanitária. Regressei à região em 2005, e na altura dois milhões de pessoas clamavam por essa ajuda. E, na minha terceira visita, pude constatar que três milhões de pessoas vivem na condição de necessitados, um número que subiu agora para os quatro milhões em desespero e necessitando de assistência humanitária urgente e num clima de um massivo rearmamento das milícias locais. As milícias árabes estão a ser rearmadas ate aos dentes pelo governo e os rebeldes têm conseguido acesso a novas armas, através da fronteira.”
Ainda segundo aquele mais alto responsável das operações humanitárias da ONU, aumentou drasticamente a escalada da violência e dos ataques, factores que colocam em perigo as colunas de assistência humanitária.
Egeland disse perante o Conselho de Segurança da ONU, que um em cada quatro membros da população em Darfur necessita, para a sua sobrevivência, de ajuda alimentar urgente : “ Noventa e cinco por cento das estradas de Darfur, estão intransitáveis. Não temos acesso por estrada, a não ser que seja sob escolta militar e existem centenas de milhar de populares que estão fora do nosso alcance ... precisamente em áreas, onde me parece que existem poucas hipóteses do reatamento das operações humanitárias, isto a menos que uma drástica mudança ocorra. Mas, a realidade é que essa mudança tem sido para pior.”
Para Jan Egeland a chegada dos “capacetes azuis” à região de Darfur pode vir a marcar a diferença. Recorde-se que sete mil “capacetes azuis” da União Africana encontram-se de momento operacionais naquela região sudanesa.
Enquanto isso, instado a pronunciar-se sobre os alegados progressos alcançados nas recentes conversações que tiveram por palco a capital da Etiópia, Addis Abeba , Egeland disse que as mesmas não deixam de constituir uma máscara para o que realmente se passa no terreno, em Darfur.