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Relatório da ONU Responsabiliza Alkatiri  Por Distúrbios em Timor Leste


Um relatório da ONU sobre os acto de violência ocorridos em Timor Leste em Abril e Maio deste ano responsabiliza, em grande parte, o antigo primeiro-ministro Mari Alkatiri e o seu governo.

O relatório da ONU afirma que Alkatiri não foi capaz de evitar que armas tivessem caído nas mãos de civis e adianta que o antigo primeiro-ministro deveria ser submetido a uma investigação criminal.

Alkatiri tem sido acusado de ter autorizado a distribuição de armas a um esquadrão da morte de civis com o objectivo de matar os seus opositores, acusação que o antigo governante nega veementemente.

Um dos três comissários que elaboraram o relatório, Ralph Zacklin, afirma estar convencido de que Alkatiri sabia mais sobre a distribuição ilegal de armas do que é capaz de admitir: “Pensamos que ele, provavelmente, sabia mais do que nos disse sobre a distribuição irregular das armas. E, em qualquer dos casos, o facto de serem armas distribuídas a civis de uma forma irregular pela polícia e pelo exército é algo que, claramente, como primeiro-ministro, deveria saber”.

Alkatiri demitiu-se do cargo de primeiro-ministro, em Junho, depois de repetidos apelos para o seu afastamento do cargo, afirmando então estar a resignar para o bem da nação.

No relatório da ONU afirma-se também que o ministro do Interior de Alkatiri, Rogério Lobato, o seu ministro da Defesa, Roque Rodrigues, e o chefe das forças da Defesa, Taur Matan Ruak, ilegalmente armaram civis e que devem ser considerados responsáveis pela transferência de armas.

Timor Leste mergulhou num caos, em Abril e Maio, depois de Alkatiri ter demitido 600 soldados, uma decisão destinada a dividir as Forças Armadas e que levou a combates de rua em Dili, a capital, deixando mais de 30 pessoas mortas e 1500 outras fugiram das suas casas, refugiando-se em centros de acolhimento.

A violência diminuiu apenas depois de forças de paz internacionais terem sido estacionadas no país para restaurar a ordem.

O relatório critica também o presidente Xanana Gusmão por ter visitado o major Alfredo Reinado, um membro da polícia militar, que desertou com outros elementos no auge dos acontecimentos mais violentos.

Zacklin, um dos autores do relatório, afirmou que, muito embora Xanana pudesse ter sido mais comedido, concluiu que o presidente usou o encontro para tentar que Reinado instigasse a mais actos de violência: “Há provas de que o presidente Gusmão se reuniu com o major Reinado depois da sua deserção, mas concluímos que o fez para tentar conter Reinado por forma a dar-lhe instruções para não atacar ninguém”.

O actual primeiro-ministro de Timor Leste, José Ramos Horta, que substitui Alkatiri exortou as forças da ONU a continuarem no seu país até às eleições de Maio de 2007.
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