Links de Acesso

Adiar as Eleições Presidenciais


O partido no poder no Zimbabué, ZANU-PF, diz que o presidente Robert Mugabe tenciona permanecer no seu cargo nos próximos quatro anos, e adiar as eleições presidenciais agendadas para 2008.

Um dos mais próximos conselheiros de Mugabe disse que o presidente hoje com 82 anos, ficaria assim no poder até 2010, altura em que teriam lugar, simultaneamente, eleições presidenciais e legislativas.

Nathan Shamuyarira é um dos mais próximos conselheiros de Mugabe e um dos fundadores do partido ZANU-PF. Num simpósio neste fim-de-semana, na zona oriental do Zimbabué, ele disse que o partido no poder quer que as eleições parlamentares e presidenciais ocorram ao mesmo tempo.

Shamuyaria disse que o país não pode levar a cabo eleições em cada dois anos.

Mugabe, no poder há 26 anos, já cumpriu mais de metade do seu actual mandato. As próximas eleições parlamentares, que ocorrem a cada cinco anos, estão previstas para Março de 2010.

Por forma a realizar ambas as eleições parlamentares e presidenciais na mesma altura, Shamuyaria indicou que a Constituição terá que ser emendada, pela décima oitava vez desde a independência da Grã-Bretanha, em 1980.

O presidente Mugabe nunca disse categoricamente quando se afastaria, mas desde a última e altamente disputada eleição presidencial, em 2002, ele tem vindo a dizer que se afastaria em breve.

Os políticos da oposição afirmam-se horrorizados ao ouvir dizer que a ZANU-PF está a planear prolongar a presidência de Mugabe, afirmando que ele precisa deixar o cargo agora, porque a situação económica do país está a causar um sofrimento de grandes proporções.

Um líder de uma das facções do dividido Movimento para a Mudança Democrática, Arthur Mutambara, diz acreditar que muitos zimbabueianos irão morrer antes que Mugabe planeie deixar a presidência. Acrescentou que Mugabe e o seu ZANU-PF causaram pobreza, sofrimento, e infligiram repressão à população e que eleições combinadas deveriam ter lugar, mas agora.

Um porta-voz da facção oposicionista liderada por Morgan Tsvangirai, Nelson Chamisa, diz ser irracional para Mugabe prolongar o seu mandato. Chamisa acrescenta que o povo seria mobilizado para resistir à tentativa.

Jonathan Moyo, agora legislador independente, foi ministro da informação durante cinco anos no governo da ZANU-PF, cargo que abandonou no ano passado. Moyo diz que o presidente Mugabe está a usar o pretexto das eleições combinadas para prolongar a sua permanência no poder, por recear ser indiciado pelo Tribunal Internacional de Justiça, por crimes contra a humanidade.

O Zimbabué vive a sua pior crise económica de sempre, com uma inflação anual de 1,200%. O Fundo Monetário Internacional prevê que a inflação irá atingir os quatro mil por cento.

Mugabe, que na altura do simpósio e destas declarações se encontrava no Egipto, elogiou a polícia zimbabueiana por ter espancado sindicalistas que tinham sido detidos aquando do protesto anti-pobreza, que teve lugar a 13 deste mês, em Harare.

XS
SM
MD
LG