Links de Acesso

Vários Candidatos para Suceder a Kofi Annan


O presidente Bush abre a longa lista de líderes mundiais que esta semana vão afluir a NY para tomarem parte nos debates da Assembleia Geral anual da ONU. A sessão deste ano tem o significado acrescido de , à margem do encontro, estar a ser decidido o nome de quem irá suceder a Kofi Annan no cargo de secretário-geral.

Os debates arrancam na terça-feira e, durante sete dias, mais de 80 chefes de Estado e de governo vão discursar perante a Assembleia Geral. O presidente Bush usará da palavra durante a sessão inaugural, seguido pelos chefes de Estado da França, Finlândia, Polónia, África do Sul, Paquistão e Brasil.

O presidente Mahmoud Ahmadinejad, do Irão, tem a sua intervenção prevista para o fim da tarde de terça-feira, pelo que não se irá cruzar com GW Bush nos corredores da ONU.

Os debates da AG tornaram-se numa oportunidade para conversações bilaterais e de encontro de grupos entre líderes mundiais, bem como palco para conferência e forums. A deslocação do presidente Bush inclui um encontro, frente a frente, com Kofi Annan e reuniões privadas com vários chefes de Estado.

Kofi Annan disse a um grupo de jornalistas esperar que o debate da AG aborde todos os pontos de importância ao nível global: “Penso que o Líbano e o Médio Oriente em geral, Darfur, a situação na República Democrática do Congo, suspeito que o Kosovo serão temas em destaque na agenda. E, claro, há outros temas como a questão do HIV-Sida que irá prosseguir. Mas, penso que os chefes de Estado terão oportunidade de abordar algumas questões importantes e isso irá manter-nos muito ocupados nos próximos meses.”

Para Annan, os próximos meses irão culminar com a sua saída do cargo de secretário-geral. Em Dezembro, Annan completará dez anos no cargo de secretário-geral e a corrida para a sua sucessão está na fase final.

Um grupo de candidatos ao cargo tem vindo a fazer, activamente, as suas campanhas e espera-se que estejam em NY para defenderem as suas posições.

O ministro dos Negócios Estrangeiros da Coreia do Sul, Ban Ki Moon, surgiu como um dos primeiros contendores e terminou na primeira posição entre os 15 países membros do Conselho de Segurança. Mas isso não lhe garante o cargo.

Na mais recente votação Moon recebeu 14 votos de encorajamento, mas recebeu também um voto contra. Ao abrigo do regulamento não é possível saber quem votou negativamente ou se esse voto terá vindo de um dos cinco países com assentos permanentes, que podem vetar a selecção.

O embaixador da China, Wang Guangya, recordou aos jornalistas que estas votações preliminares podem ser enganadoras: “Ontem, um candidato recebeu mais votos que os outros. Mas houve um voto de desencorajamento. É muito importante saber de onde veio.”

Os outros quatro candidatos receberam mais votos desencorajamento na votação. O escritor indiano e sub-secretário-geral da ONU para a Informação Pública, Shashi Tharoor; o primeiro ministro-adjunto tailandês Surakiart Sathirathai; e o diplomata do Sri Lanka, Jayantha Dhanapala, todos eles receberam três votos negativos. O último candidato a entrar na corrida, o embaixador da Jordânia, o príncipe Zeid Raad Al-Hussein, recebeu quatro votos de desencorajamento.

Mas, os resultados não parecem deter nenhum dos candidatos, já que nenhum desistiu da corrida. Pelo contrário, assiste-se ao surgimento de novas candidaturas.

Até agora todos os candidatos parecem ser indivíduos asiáticos do sexo masculino, uma que a tradição da ONU diz que é a vez da Ásia a liderar aquela organização internacional. Mas, na sexta-feira, os três Estados Bálticos nomearam a presidente da Lituânia, Vaira Vike Freiberga, que se tornou na primeira mulher candidata não asiática a concorrer, numa altura em que se fala abertamente no desejo de escolher uma mulher para a liderança da ONU.

O professor Edward Luck, da Universidade de Columbia, é um observador atento das nomeações para a chefia da ONU: “A adição de mais um ou dois nomes é provavelmente positiva e eu assumiria que iremos ter uns quantos até que o processo esteja terminado. Cada um dos nomes tem aspectos positivos e negativos e eu julgo que há 50 por cento de probabilidades do candidato ser escolhido dentre o grupo inicial ou de outro nome ainda por anunciar”.

O professor Luck disse que, por tradição, é um candidato asiático, mas que a escolha final dependerá do que será aceitável para a China e para os EUA.

Os diplomatas americanos têm-se revelado muito cautelosos em falar de candidatos que apoiem. Mas, a VOA entrevistou a Secretária de Estado Assistente para as Organizações Internacionais, Kristen Silverberg: “Um secretário-geral pode desempenhar um importante papel em ajudar a ultrapassar divergências e a negociar acordos. Mas, penso que, hoje, é importante manter em mente que a ONU é uma complicada organização operacional. Por isso, é necessário alguém que possa concentrar-se na sua administração e que não basta apenas ser um político eficaz ou um diplomata. Tem que ser realmente alguém que possa gerir as questões operacionais no terreno. Por isso precisamos de alguém que possa fazer as duas coisas”.

Embaixadores de países com assento permanente no Conselho de Segurança afirmam necessitar de acordar na velocidade deste processo e esperam poder fazer uma transição sem sobressaltos de Annan para o seu sucessor.

Diplomatas americanos e chineses estão esperançados de que uma decisão final possa ser obtida a 28 de Setembro, já na quinta-feira da semana que vem, um dia depois do encerramento da Assembleia Geral da ONU. Outra votação do Conselho de Segurança está prevista para esse dia e essa votação poderá ser decisiva.
XS
SM
MD
LG