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Darfur: 350 Mil Deslocados no Prazo de um Mês


O coordenador da ajuda humanitária das Nações Unidas, Manuel Aranda da Silva, disse à imprensa, em Cartum, que cerca de 350 mil civis podem ser deslocados no prazo de um mês depois da retirada das forças da União Africana. Aquela organização decidiu pôr termo à sua missão no Sudão, durante o mês de Setembro, antes de passar as suas responsabilidades para as mãos dos capacetes azuis da ONU. O Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou uma resolução prevendo o envio de cerca de 20 mil “capacetes azuis” para Darfur.

Contudo o presidente sudanês, Omar al Bashir, tem vindo a recusar a presença das tropas da ONU no país para substituir os sete mil homens da força da União Africana. Aranda da Silva afirma que um vácuo de segurança em Darfur seria catastrófico: ”Achamos que a retirada das forças de manutenção da paz tornaria a situação em Darfur muito mais séria. Se a União Africana deixar Darfur, haverá muito mais gente deslocada num curto período de tempo. Mesmo estando apenas presentes numa pequena parte da Darfur aquelas forças constituem uma sensação de segurança em muitas regiões.”

Entretanto o Conselho e Paz e Segurança da União Africana deverá reunir-se, esta terça-feira, em Nova Iorque, para debater o seu mandato em Darfur. O porta voz da organização, Nouredine Mezni , disse à VOA que o encontro será vital: ”Nós assumiremos as nossas responsabilidades. Não vamos criar um vácuo. Nós temos em consideração o povo de Darfur e o povo sudanês. Mas, a decisão final deve ser tomada pelo Conselho de Paz e Segurança visto que foi esse órgão que decidiu terminar o mandato a 30 de Setembro”.

O presidente sudanês, Omar al Bashir, tem afirmado que uma força da ONU no país constituiria uma força colonizadora. Nos ultimos dias, manifestações contra as Nações Unidas têm paralizado as ruas da capital sudanesa. Bashir afirmou que o seu governo está disposto a destacar milhares de soldados governamentais para garantir a segurança da região. Contudo, o governo encontra-se dividido. Os antigos rebeldes do Sul do Sudão, que fazem agora parte do governo de unidade nacional, começaram a apelar para a entrada da ONU em Darfur. De referir que cerca de 10 mil “capacetes azuis” da ONU se encontram já no Sudão, supervisionando o acordo de paz concluído em 2005 entre o governo de Bashir e os rebeldes do Sul do país. Desde o seu início há três anos atrás, o conflito em Darfur provocou já a morte de dezenas de milhar de pessoas, obrigando outros dois milhões a fugirem da região . Entretanto, o secretário-geral da ONU, Kofi Anan, apelou ao Conselho dos Direitos Humanos da ONU para que dê tanta atenção à trágica situação em Darfur como aquela que tem dispensado às crises no Médio Oriente.

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