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Repercussões de um Conflito Longo de um Mês


Terminaram por agora os confrontos no sul do Líbano entre tropas israelitas e o Hezbollah. Um acordo de cessar fogo prevê a instalação de elementos de pacificação e de tropas libanesas naquela área.

As repercussões de um conflito longo de um mês continuam a fazer-se sentir pelo Médio Oriente, estando a ser feitas avaliações sobre quem terá saído numa posição mais forte em resultado dos confrontos.

O conflito prolongou-se por pouco mais de um mês, causando inúmeras vitimas, a maioria das quais civis, e na sua maioria libaneses.

As avaliações continuam a ser feitas sobre o significado do conflito para o futuro do Líbano e num plano mais amplo, para o Médio Oriente. Para o presidente Bush, o grupo militante Hezbollah constitui um perdedor claro.

‘O Hezbollah, sem sombra de duvida, possui uma fantástica maquina de propaganda e reclama a vitoria. Como podem reivindicar a vitoria quando de uma posição de estado dentro de um estado, em segurança no sul do Líbano, estão a ser substituídos pelo exercito libanês e por um contingente internacional.’

A surpreendente resistência do Hezbollah contra Israel obteve o apoio de muitos Árabes que desceram as ruas em manifestações favoráveis ao Hezbollah. Ainda mesmo que o grupo militante tenha de retirar das posições que tinha no sul do Líbano, a posição que detêm no mundo árabe foi valorizada, isto segundo o antigo diplomata americano, David Newton.

‘São vistos como heróis por muitos árabes. Os árabes sempre se sentiram humilhados pela sua fraqueza frente a Israel, e aqui têm aquilo que parecia ser apenas uma pequena organização de milícia, sem armas pesadas, sem aviação, a fazer frente ao poderio militar dominante do Médio Oriente.’

Isto tem implicações para Israel, onde alguns questionam a forma como o primeiro ministro, Ehud Olmert, conduziu a crise.

Ellen Laipson, do Centro Henry Stimson, aqui em Washington. ‘Claramente o que aconteceu com o Hezbollah recorda a Israel que tem vizinhos que podem interferir com o desejo de viverem sozinhos. Penso que a atitude em Israel de coexistência pacifica e interacção positiva com os vizinhos árabes é difícil de alcançar.’

O conflito agora terminado tem igualmente implicações para os Estados Unidos no Médio Oriente. Washington foi criticado por não ter actuado mais cedo em pressionar um cessar fogo. O presidente Bush minimiza tais criticas.

‘Acima de tudo, e desde o inicio apelamos à calma das partes para que fossem protegidas vidas inocentes. Segundo penso a maioria dos dirigentes mundiais da credito à Condoleezza Rice, e à sua equipa por terem obtido a aprovação de uma resolução nas Nações Unidas.’

A resolução da ONU prevê a instalação de uma força internacional de 15 mil homens para patrulhar uma zona especial desmilitarizada no sul do Líbano lado a lado com tropas libanesas. Mesmo que isto se verifique, Ellem Laipson acredita que o conflito minou os interesses dos Estados Unidos na região.

‘Em retrospectiva acredito que as pessoas serão criticas da administração Bush por ter acreditado que atacando o Hezbollah era convergente com os interesses e os objectivos americanos. O que vemos agora e que os Estados Unidos estão tão preocupados com o Iraque, o Iraque não esta a andar bem segundo a perspectiva dos Estados Unidos, que não possuíam os recursos, o tempo, e a atenção para devotar a alguns dos conflitos mais pequenos.’

Todavia, alguns observadores pensam que o Líbano e o seu primeiro ministro, Fuad Siniora, vão acabar por tirar proveito do conflito. O Líbano irá ganhar mais controle sobre o seu território, enquanto o poder do Hezbollah como estado dentro de um estado, poderá vir a ser diminuído.

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