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O Iraque Está a Sangrar


Comentando um surto de violência entre militantes sunitas e xiitas, em Bagdade, o embaixador Samir al-Sumaidaie descreveu a situação de segurança no Iraque como ”má”, acrescentando que ”o país está a sangrar”. Em declarações feitas à rede de televisão CNN, o embaixador disse que o seu governo tem importantes tarefas a executar: ”Este governo tem que continuar a edificar as suas instituições, incluindo as suas forças de segurança. Depois do afastamento de Saddam Hussein, o Estado foi destruído. Não havia instituições. Agora, pela primeira vez, temos um governo eleito, mas as instituições ainda estão fracas. O que temos que fazer é finalizar a criação dessas instituições para que elas possam assumir o controlo e não desistir dessa tarefa.”

No domingo, bombas foram detonadas frente a uma mesquita muçulmana, na zona central de Bagdade, horas depois de um atirador xiita ter morto várias dezenas de pessoas de origem sunita, numa outra zona da cidade. Este ano, o número de mortos resultantes da violência sectária e de ataques terroristas já ultrapassou, de longe, o número de vítimas registadas por esta altura no ano passado.

Esta vaga de violência não passou despercebida nos EUA, onde o futuro da missão no Iraque é uma das questões a dominar as eleições de Novembro para o Congresso.

Durante uma entrevista dada à CNN, a senadora democrata Barbara Boxer, pelo Estado da Califórnia, argumentou que uma missão americana sem data marcada irá agravar a situação: ”É um pesadelo que se está a agravar. As nossas tropas encontram-se ali no meio de uma guerra civil e penso que a sua missão deixou de estar clara. E sabem que mais? Nós ganhámos a guerra para derrubar Saddam Hussein. Isto agora é uma ocupação e nó está a produzir resultados.”

Mas, o embaixador Sumaidaie disse que uma retirada prematura das forças internacionais do Iraque poderia constituir uma vitória para os terroristas. Esta perspectiva é perfilhada pelo senador republicano pela Carolina do Sul, Lindsey Graham: ”Há milícias a criar violência sectária para destabilizar um Iraque democrático. Então, quem vai ganhar? Estou em crer que a liderança política no Iraque, caso seja apoiada pelos EUA e pelo mundo em geral, irá ultrapassar a ameaça colocada pelas milícias, mas temos que ser pacientes. Irá haver uma data para os EUA retirarem, mas essa data tem que ser dada pela liderança eleita pelo povo iraquiano.”

Entretanto, quatro soldados americanos foram acusados em ligação com a alegada violação sexual e assassínio de uma mulher iraquiana e pela morte da sua família, no Sul de Bagdade. Um quinto soldado foi acusado de não ter denunciado o incidente, muito embora não tenha participado nele.

Este é o mais recente caso de uma série de abusos de civis iraquianos por parte de soldados americanos no Iraque. O primeiro-ministro Nouri al Maliki exortou a que seja feita uma revisão da imunidade legal de que beneficiam as tropas estrangeiras estacionadas no seu país.

O Sub-Secretário de Estado americano Nicholas Burns rejeitou aquela proposta, em declarações que fez à rede de televisão CNN: ”Há acordos em vigor que são muito específicos quanto à protecção das tropas e dos diplomatas americanos e nós queremos, obviamente, esses acordos repeitados.”

Burns acrescentou que os EUA estão a ser transparentes nas investigações que está a fazer acerca das alegações de má conduta das suas tropas, apresentando os responsáveis perante a Justiça.

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