O presidente timorense Xanana Gusmão aumentou a pressão sobre o seu principal rival político, o primeiro ministro Mari Alkatiri, no sentido da demissão deste, e ameaçou ser ele a demitir-se se Alkatiri não ceder a pressão.
Xanana Gusmão disse que vai submeter o seu pedido de demissão ao parlamento, o mais tardar ate amanha sexta feira, isto a menos que Mari Alkatiri se demita do cargo de primeiro ministro do país.
O braço de ferro entre os dois políticos rivais segue-se à onda de violência que abalou nas ultimas semanas a capital timorense Dili, na sequência da qual, vinte pessoas morreram e centenas de milhares de outras abandonaram as suas casas e procuraram refugio nas montanhas.
Xanana Gusmão acusa ainda Alkatiri de ter alegadamente apoiado os grupos rebeldes que despoletaram a onda de violência e que agora exigem a sua demissão.
Haryadi Wirywan, responsável do departamento de relações internacionais da Universidade de Indonésia, diz que a onda de violência entre facções rivais timorenses poderia conhecer novos episódios, caso Xanana Gusmão leve adiante a ameaça de se demitir.
‘Caso ele faça isso, caso se demita, então o país poderá mergulhar-se de novo num tumulto. Que seria o caos. Tanto a elite, que realmente não quer ver Alkatiri no poder, iria fazer algo para o obrigar a demitir-se. Mas seria difícil para o projecto de reunificação do país.’
Para hoje estava agendada uma reunião das estruturas dirigentes da Fretilin, que rejeita por sinal a exigência do presidente Xanana Gusmão, no sentido da demissão do primeiro ministro e líder daquele partido no poder, Mari Alkatiri.
Alkatiri foi citado pela imprensa portuguesa como tendo manifestado a sua clara intenção de não se demitir do cargo.
Mas numa mensagem ao país, Xanana Gusmão disse hoje que a alegada distribuição de armas a civis se insere num plano da FRETILIN para fazer o golpe e matar a democracia em Timor-Leste.
Para o académico Haryadi Wiryawan, a estatura política do presidente Xanana Gusmão poderá ser, entretanto decisiva no desfecho da batalha política travada com Alkatiti.
‘Xanana é muito respeitado como líder do país. E prova que a pressão sobre Mari Alkatiri, para que se demita é algo sério. Não vejo pessoalmente razoes para que Alkatiri resista à pressão.
O primeiro ministro Mari Alkatiri tem sido duramente criticado na sequência da decisão de afastar os 600 militares revoltosos, que entretanto se consideram discriminados, das forças armadas timorenses.
Um dos veteranos da guerrilha contra a ocupação Indonésia acusou recentemente Alkatiri de ter armado um suposto esquadrão da morte para eliminar opositores a sua governação.