O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, advertiu o Irão para abrandar a sua atitude agressiva e para assegurar o mundo de que o seu programa nuclear é pacífico.
Annan expressou, ontem, optimismo de que os esforços para se achar uma solução diplomática para as ambições nucleares do Irão estão a ser intensificadas.
O secretário-geral da ONU falava depois da Secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, ter dito que os governos ocidentais irão esperar algumas semanas antes de fazerem avançar qualquer acção ao nível do Conselho de Segurança sobre as suspeitas acerca do programa nuclear iraniano.
Mas, no dia em que o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad acusou as nações ocidentais de hipocrisia, apelidando as suas preocupações sobre o programa nuclear do Irão como ”uma grande mentira”, Annan advertiu o Irão para moderar a sua retórica: ”Penso que é importante que os iranianos continuem abertos e que se afastem da sua postura agressiva e que estejam dispostos a negociar. Penso que ninguém está a dizer que eles não têm direito ao uso pacífico de energia nuclear. Mas, eles têm a responsabilidade de comunicar e de mostrar que as suas intenções são pacíficas.”
Entretanto, o embaixador da Rússia, , saudou o que designou por mudança de tom registado nas conversações ministeriais desta semana sobre o Irão. Churkin falou de uma elevação do tom da diplomacia desde a semana passada, quando as nações europeias pediram ao Conselho de Segurança para invocar o capítulo sétimo da Carta da ONU, requerendo legalmente ao governo de Teerão para parar os seu programa de enriquecimento de urânio. Disse Churkin: ”Recordar-se-ão que, quando esta proposta foi apresentada aos franceses e aos britânicos, as palavras que ouvi foram Capítulo Sétimo e ameaça à paz e quantos dias lhes seriam dados para obedecerem ao que iria ser uma resolução e, então, a diplomacia, no seu modo discreto, cumpriu a sua missão porque alguns de vós talvez não tenham notado, mas o ambiente mudou completamente.”
Churkin disse que as conversações desta semana a nível ministerial, realizadas em Nova Iorque, foram marcadas por uma mudança no seu tom inicial de confrontação para um tom de envolvimento: ”Em resultado do que foi obtido até agora, temos razões para dizer ao Irão que não deve olhar para este processo numa atitude de confrontação, porque o processo não visa confrontá-los.”
O novo tom reflectiu-se nos comentários do embaixador americano junto das Nações Unidas, John Bolton, que inicialmente se envolveu pessoalmente para fazer avançar a proposta de resolução francesa e britânica, com uma data limite para o seu cumprimento.
Na quarta-feira, Bolton expressou cepticismo sobre se o Irão iria aceitar o pacote de incentivos que lhe foi oferecido pelos europeus, como contrapartida para a suspensão do seu programa de enriquecimento de urânio. Mas sugeriu que valia a pena tentar aquela ideia no interesse de manter a unidade entre os cinco países com assento permanente no Conselho de Segurança. Afirmou Bolton: ”Penso que a unidade dos cinco membros permanentes é importante. É isso que esta iniciativa visa atingir. Vamos ver o que acontece em termos de organizar aquele pacote e em que base e ver se os iranianos o aceitam. Isso irá determinar o que iremos fazer a partir daí”.
Diplomatas europeus esperam ter o pacote energético e os incentivos comerciais prontos até á próxima segunda-feira. Será depois apresentado, em Londres, no fim da semana que vem, ao chefes das diplomacias dos cinco países com assento permanente no Conselho de Segurança mais a Alemanha. Entretanto, o projecto de resolução sobre o Irão será posto de lado para dar oportunidade para que a diplomacia avance.