O presidente George Bush assinou um decreto ordenando o congelamento dos bens de personalidades sudanesas relacionadas com o continuado conflito armado na região sudanesa de Darfur.
A decisão da administração americana, antecede uma série de manifestações previstas para a capital dos Estados Unidos e demais cidades americanas em protesto contra a aparente indiferença da comunidade nacional face à violência naquela região sudanesa e que já provocou vários milhares de vitimas civis e cerca de dois milhões de deslocados.
Numa declaração tornada pública, o presidente George Bush justifica ter que assumir a decisão, pelo facto do conflito em Darfur ameaçar a segurança nacional e a política externa dos Estados Unidos.A medida de congelamento de bens, visa quatro personalidades sudanesas, identificadas pelo Conselho de Segurança da ONU, como tendo estado envolvidos nas atrocidades cometidas na região sudanesa de Darfur.
A deliberação do presidente antecede precisamente uma planeada manifestação para a capital Washington e demais cidades americanas, em protesto contra o conflito em Darfur, que já vai no seu terceiro ano. Celebridades, como o actor George Clonney, anunciaram já a sua participação nas manifestações.
Clooney, que regressou recentemente de uma viagem à região de Darfur, disse a jornalistas, em Washington, que a atenção mundial deveria estar actualmente concentrada para o que considerou do primeiro genocídio do século vinte e um.
“O que não podemos fazer é voltar a cara e fixar o olhar em algo mais distante, na esperança de que isto terminará um dia. Agindo assim, estaríamos a condenar toda uma geração a extinção e, neste caso, os únicos casos a serem julgados, seriam os de Ruanda, dos Balcãs e do Camboja.”
Quem também já anunciou a sua adesão na cadeia de manifestações de protesto foi o senador Sam Brownback, conhecido pelo seu incondicional apoio a diplomas legislativos e resoluções adoptadas pelos Estados Unidos e que tiveram por alvo, o conflito em Darfur.
Brownback apoiou, por exemplo, o plano de envio de 20 mil capacetes azuis das Nações Unidas para Darfur, em substituição dos sete mil soldados da União Africana estacionados naquela região do Sudão.
“Temos que conseguir protecção para essa região, no Sudão e no Chade. Temos as tropas da União Africana, que não são suficientes, que não têm mobilidade suficiente e que não têm um mandato alargado. Necessitamos de mais soldados, de mais mobilidade e de um mandato bem mais robusto nessa região do Sudão e no Chade”.
O governo de Cartum tem manifestado a sua discordância a iniciativa de envio de tropas das Nações Unidas e da NATO para o Sudão, alegando que a mesma constituiria uma violação da soberania sudanesa.
As autoridades sudanesas são acusadas de terem apoiado as milícias árabes Janjaweed, responsáveis pelo massacre de aldeões de raça negra e da destruição de aldeias, na região de Darfur.
O actor George Clooney relembra, a propósito, que soldados internacionais serão necessários para ajudar a proteger os milhões de desalojados pelos combates, que estão a viver em campos no interior do Sudão e no vizinho Chade. Diz Clooney: “Se é tão simples colocar em redor daqueles campos de mais de dois milhões de pessoas, tropas armadas para os proteger, porque não faze-lo. São pessoas inocentes que estão diariamente ao alcance de mãos assassinas e da forma mais brutal. E se a Nato e as Nações Unidas não estão lá, não sei bem porque e que não estão lá...”
Mediadores têm vindo a pressionar o governo sudanes e os grupos rebeldes a porem cobro aos combates e ambos os lados estão a considerar a possibilidade de assinatura de um acordo de paz que resulte no fim do conflito.
Depois de dois anos de infrutíferas conversações, os mediadores da União Africana definiram o próximo domingo, como o prazo limite que um acordo final de paz seja alcançado.