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O Irão Produziu Urânio Enriquecido


O Irão anunciou ter produzido com sucesso urânio enriquecido nas suas instalações na cidade de Natanz, um processo que poderá tanto ser usado para fins civis ou para fabricar armas nucleares.

Este é o mais recente desenvolvimento numa confrontação que tem vindo a aumentar de tom entre muitos países ocidentais e o Irão tendo como tema central as ambições nucleares do governo de Teerão.

Os EUA e a Europa estão em crer que o Irão está a procurar desenvolver um arsenal nuclear, mas o governo de Teerão afirma que o seu programa tem apenas como objectivo produzir combustível nuclear para fins pacíficos e civis.

O anúncio de que o Irão produziu com êxito urânio enriquecido foi feito em Teerão pelo próprio presidente Mahmoud Ahmadinejad , que se referiu aquele momento como histórico.

No mês passado, o Conselho de Segurança das Nações Unidas exortou o Irão a suspender o seu programa de enriquecimento de urânio e pediu a Mohamed ElBaradei, o chefe da Agência Internacional de Energia Atómica, para apresentar um relatório ao Conselho até ao dia 28 de Abril.

Peritos afirmam que a mais recente iniciativa iraniana poderá forçar o Conselho de Segurança a considerar medidas mais duras contra o governo de Teerão, incluindo a aplicação de sanções. Mas, sublinham também que dois países do Conselho com poder de veto (a Rússia e a China) já manifestaram o seu desacordo face à ideia da aplicação de sanções contra o Irão.

Charles Kupchan, antigo membro do Conselho Nacional de Segurança durante o primeiro mandato do presidente Clinton, é agora membro do Conselho para as Relações Externas. Disse Kupchan: ”A conversa tem sido, até agora, mais sobre ”sanções inteligentes”, sanções que afectem a liderança e não a população iraniana no geral. É o mesmo tipo de iniciativas políticas que foram tomadas em relação à Bielorússia, onde eleições recentes foram aparentemente defraudadas para beneficiar Alexander Lukashenko. Neste caso, foram congelados os bens dos líderes, que foram igualmente impedidos de viajar não lhe concedendo vistos. Isto é o tipo de iniciativas que poderão, numa primeira fase, ser implementadas para angariar apoio para um mais vasto embargo económico contra o Irão.”

No entanto, peritos afirmam que a única forma de tornar as sanções eficazes será se estas tiverem um forte apoio da comunidade internacional.

Carne Ross é um antigo diplomata, membro da delegação britânica ao Conselho de Segurança da ONU, entre 1998 e o ano 2000: ”É muito difícil controlar o comércio e mesmo o fluxo financeiro ou as visitas ou os voos de destacados elementos do governo. O mundo é um lugar complexo e há muitas falhas que concorrem para o seu cumprimento, E é muito difícil monitorizar, policiar e controlar todas aquelas movimentações. E se se for tentar aplicar sanções tem que se dedicar uma enorme quantidade de esforço para as sanções serem bem sucedidas.” Numa palavra, disse Ross, há uma grande quantidade de trabalho envolvido e não é claro se a comunidade internacional estará pronta para isso.

Daryl Kimbali, chefe da Associação para o Controlo de Armas, afirma que os EUA (que advogam insistentemente a aplicação de sanções) não podem fazer avançar rapidamente a sua posição mais depressa do que o Conselho de Segurança. Disse Kimbali: ”O próximo passo a dar não é claro. Se os EUA fizerem pressão para acções mais fortes contra o Irão e a Rússia e a China resistirem é bem possível que se gere um impasse no Conselho de Segurança. E não será possível avançar com nada. Ao mesmo tempo, esse tipo de cenário poderá levar a que alguns nos EUA argumentem que a administração Bush deveria tomar iniciativas unilaterais. Se assim for, estamos a entrar numa fase muito delicada”.

Peritos adiantam que o próximo passo é o Conselho de Segurança reunir-se para decidir que tipo de medidas irá tomar para forçar o Irão a pôr fim ao seu programa de enriquecimento de urânio.

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