O secretário geral das Nações Unidas, Koffi Annan, reconheceu que a ausência de diálogo político na Guine Bissau, contribuiu sobremaneira para minar duas das mais vitais instituições estatais, o Supremo Tribunal e o Parlamento do país.
Já no seu ultimo relatório sobre a situação na Guine Bissau, Koffi Annan admitia que, apesar de alguns sinais encorajadores no sentido da reconciliação, a situação geral no país permanecia dominada pela tensão política protagonizada pelos partidos e personalidades políticas.
Neste particular, o secretario geral da ONU salientou ontem que a ausência de um espírito de diálogo construtivo nos últimos tempos resultou em consequências graves nomeadamente na quebra da credibilidade do Supremo Tribunal, cujas decisões foram postas em causa pelos opositores ao governo guineense, aquando do seu pronunciamento sobre a legalidade do decreto presidencial que indigitou Aristides Gomes para a chefia do novo governo, e do presidente do parlamento, este ultimo posto em causa pelos deputados afectos a bancada que apoia o governo.
De acordo com Koffi Annan, apesar dos intervenientes políticos guineenses terem reafirmado o seu compromisso para com um clima de diálogo construtivo e reconciliatório, são poucos os indícios de uma vontade sólida em prol da busca de soluções consensuais para os problemas de interesse publico.
O secretario geral da ONU, insta neste particular os políticos e os governantes do país a restabelecerem a autoridade das instituições democráticas, a colocarem de lado as divergências do passado e a trabalharem em prol de uma reconciliação nacional sustentável.
Relativamente à situação económica e fiscal do país, Koffi Annan reconhece que ela continua difícil e reiterou o apelo no sentido da comunidade internacional prosseguir no apoio ao país por forma a evitar que o mesmo venha a agravar ainda mais a tensão política.
Annan realça neste aspecto que a comunidade internacional apostou fortemente na ajuda a Guiné Bissau no sentido da reposição da ordem constitucional no pais pelo que e citamos neste momento todos deveriam permanecer concentrados na consolidação dos progressos conseguidos a grande custo.
Enquanto isso, o porta voz das Nações Unidas fez saber que o representante especial dos secretário geral das Nações Unidas, o diplomata moçambicano João Honwana, vai estar na próxima semana em Nova Iorque para apresentar ao Conselho de Seguranca da ONU, o novo relatório sobre a situação na Guine Bissau.
De realçar que estas considerações do secretario geral da ONU, coincidem precisamente com a aprovação, na quarta-feira, pelo o parlamento, do programa de governo de iniciativa presidencial de Aristides Gomes.
Comentando a votação no parlamento, o chefe do governo guineense admite que constitui o fim do ciclo de legitimação democrática do seu governo, pelo que estão, segundo ele, reunidas as condições para que a comunidade internacional dialogue com o actual executivo. O programa do governo foi aprovado com 53 votos a favor, 36 contra.
Já para o antigo primeiro ministro e líder do PAIGC, Carlos Gomes Júnior, exonerado, em Outubro do ano passado, pelo presidente guineense, Nino Vieira, é o principal responsável pela situação de descrédito do país perante a comunidade internacional, por ter -- e citamos -- ´´de forma irreflectida, ter demitido o executivo do PAIGC, reforçando assim o cepticismo da comunidade internacional perante as instituições da República´´.