O Zimbabwe efectuou um pagamento final no valor de nove milhões de dólares para saldar a sua divida para com o FMI. Uma noticia veiculada tanto pela radio estatal como pelo jornal diário Herald, controlado pelo governo, indica que isso significa que o país não pode ser expulso da organização.
Um comunicado do FMI confirma a noticia, dizendo que o pagamento da divida cancela o processo para a saída compulsória do Zimbabwe iniciado em Dezembro de 2003.
Mas o comunicado do FMI acrescenta que o Zimbabwe ainda tem obrigações em atraso para com o Fundo de Recuperação da Pobreza e Facilidades de Crescimento, num total de 119 milhões de dólares.
O FMI enviou uma serie de missões ao Zimbabwe, a mais recente no principio do ano, que fizeram grandes recomendações políticas, incluindo o fim das tomadas arbitrarias de fazendas comerciais de agricultores brancos.
O algumas vezes violento programa de reforma agraria que o governo zimbabueano lançou em 2000, levou agricultores brancos a perderem as suas fazendas em detrimento de negros sem terra. Alguns dos aliados do presidente Robert Mugabe apoderaram-se de mais do que das propriedades, e a produção caiu a pique devido à falta de experiência dos novos agricultores e de produtos como fertilizantes e sementes.
O Conselho de Administração do FMI anunciou que vai rever os pagamentos em atraso do Zimbabwe no dia 8 de Março. A reunião ira considerar a cooperação do Zimbabue com o Fundo sobre políticas e pagamentos, assim como sanções remanescentes e medidas solucionantes em relação aos pagamentos em atraso do Zimbabwe.
Num outro aspecto, o jornal Herald cita que o Conselho da Industria e Comercialização de Tabaco prevê uma colheita de 70 mil toneladas de tabaco, ou seja, menos quatro mil toneladas do que ano passado.
Antes da tomada das fazendas, a agricultura no Zimbabwe era a principal fonte de divisas estrangeiras. Em 1999, um terço das divisas do país foram obtidos através da produção de 250 mil toneladas de tabaco.
O Zimbabwe enfrenta a sua pior crise económica desde a independência em 1980, caracterizada por uma hiper-inflação de 613 por cento, um desemprego na ordem dos 70 por cento, e faltas crónicas de combustíveis e bens alimentares básicos.
Agencias doadoras e economistas responsabilizam a situação pela ma gestão económica e a mal executada reforma agraria. Mas o presidente Mugabe atribui os problemas económicos do país as sanções decretadas pela antiga potência colonial, a Grã-Bretanha, e seus aliados ocidentais. Mugabe diz que o Zimbabwe está a ser punido por reclamar terra roubada pelos colonialistas.
A Grã-Bretanha, a União Europeia e os Estados Unidos impuseram proibições de viagem ao presidente Mugabe e funcionários superiores do governo e do partido no poder, mas as relações comerciais não foram afectadas.