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Abate ilegal de árvores nas florestas guineenses


Fontes contactadas pela Voz da América, na capital Bissau revelam que o abate ilegal de árvores nas florestas guineenses, violando as restrições impostas, tem sido praticada pelos militares, aparentemente em alguns casos, a mando de elementos ligados às altas chefias das estruturas castrenses locais.

Em determinadas circunstancias conforme conseguimos ainda apurar, são os próprios civis, com base em acordos de contornos pouco transparentes, a procurarem a protecção dos militares na operação de abate e de transporte dos troncos das árvores ilegalmente drenadas das florestas.

Uma protecção que se deve em parte a facilidade com que os militares contornam a vigilância dos postos florestais instalados ao longo das vias de acesso as florestas do país.

A actividade considerada ilegal a luz do ordenamento jurídico para o sector das florestas na Guine Bissau, não tem poupado inclusive zonas de conservação florestal, caso da área tampão da única floresta tropical na Guine Bissau, a floresta de Cantanhede, localizada no sul do país.

A VOA conseguiu ainda apurar que a localidade Doloumbi, no leste do país, zona de preservação de espécie animais e que integra um corredor trans fronteiriço que abarca ainda a vizinha Guine Conacri, tem sido igualmente alvo de cortes desordenados de árvores, protagonizadas pelos militares e destinadas a industria madeireira nacional.

Uma situação a suscitar a preocupação das populações locais e que chegou inclusive em tempos a merecer considerações por parte das altas chefias militares guineenses, que terão prometido combater a actividade ilegal, entre as estruturas militares.

Confrontado com a situação, Sola Nankilin, ministro da agricultura e florestas da Guine Bissau, desdramatiza o caso e alega que o abate selectivo de arvores pelos militares guineenses, tem se processado em conformidade com uma autorização emitida e para o efeito, pela direcção nacional das florestas.

Nankilin vai mais alem e precisa que a madeira abatida pelos militares nas florestas guineenses, destina-se a obras em curso em alguns dos quartéis do país.

“Olha eu penso que isso é um equivoco. O que aconteceu foi o seguinte. Foi a própria direcção das florestas quem deu uma autorização nesse sentido aos militares, a pedido destes para abaterem árvores e extraírem a madeira a ser usado nas obras de reparação em curso nos quartéis militares no país. O local escolhido para o abate foi exactamente uma fazenda agrícola, propriedade dos militares e onde funciona uma serração. A autorização foi concedida na vigência do governo de transição. Não é nada de alarmante, porque o abate de árvores tem se processado mediante os termos da licença na posse dos militares”

Actividade de abate de árvores pelos militares nas florestas guineenses, protegida de acordo com o ministro da agricultura e florestas do país, Sola Ninkilin, por uma autorização da direcção geral das florestas.

Opinião distinta tem o director geral das florestas, Contantino Correia que garantiu a VOA, a inexistência de qualquer autorização emitida nesse sentido pela sua instituição.

Para aquele responsável florestal guineense, a atitude dos militares deve sim ser entendida como um gesto que contrária uma deliberação da sua direcção geral em não dar provimento a um pedido nesse sentido formulado em tempos pelas estruturas castrenses bissau - guineenses.

“Não houve nenhuma autorização na vigência desta direcção e estamos a falar do período de Dezembro de 2004 a esta data, para o corte de madeira. O que houve foi uma autorização de drenagem da madeira que já tinha sido cortada, para um local, neste caso uma serração identificada, onde seria medida, para efeitos de quantificação da madeira que estava em causa. Qualquer informação que vá ao sentido contrario desta, não é verdadeira. Pelo contrário houve um pedido nesse sentido feito pelos militares que foi recusado pela direcção geral das florestas.”

Era o director geral das florestas da Guine Bissau, Constantino Correia a propósito do abate ilegal de árvores nas florestas nacionais, pelos militares guineenses.

Diga-se uma polemica que ainda vai apenas no adro, quanto mais não seja por se prever mexidas profundas da gestão das florestas guineenses, um sector que entrou definitivamente em rota de colisão com as estruturas castrenses locais.

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