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Noites consecutivas de violência nocturna


A França tem sido assolada por noites consecutivas de violência nocturna, em Paris, entre a policia e jovens amotinados, em zonas residenciais de renda económica. Os motins trazem a superfície racismo e ausência de integração das comunidades imigrantes, essencialmente de origem muçulmana do norte de África. Estas situações constituem um espelho da luta europeia pela integração dos imigrantes.

Os motins tiveram inicio após dois jovens terem sido electrocutados acidentalmente, na passada quinta feira, quando tentavam subir um muro no subúrbio de Paris de Clichy-Sous- Bois. Um procurador geral referiu que os jovens pensavam estar a ser perseguidos pela policia, facto que a policia desmente.

O incidente degenerou em motins nocturnos entre jovens maioritariamente muçulmanos e a policia, tendo os actos de violência espalhado a outros subúrbios pobres dos arredores de Paris, zonas habitadas por grandes comunidades de imigrantes.

Os motins ultrapassaram já a simples manutenção da ordem com os jovens a utilizar pedras e cocktails molotov e a policia a responder com granadas de gás. Dezoito meses antes das eleições presidenciais os motins assumiram uma dimensão política.

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O ministro do Interior francês, Nicholas Sarkosy – que se pensa esteja a pensar na presidência – enfrenta o aumento das criticas pela resposta dura dada aos incidentes – em particular por ter descrito os amotinados como sendo a rale. Um dos muitos críticos é Francois Hollande, líder do partido socialista na oposição.

'Em comentários feitos aos jornalistas Hollande denunciou Sarkozy pelo que descreveu como tendo estigmatizado a população – isto é os emigrantes que vivem em Clichy-sur-Bois e noutras zonas.'

Mas Sarkozy esta a ser igualmente alvo de criticas no seio do movimento para a União Popular, de centro direita. Azouz Begag que trata de questões de igualdade de oportunidade tem sugerido igualmente que Sarkozy foi longe demais.

O ministro do Interior defendeu já as suas acções ...

'Numa entrevista a radio Europa Um Sarkozy afirmou não ter utilizado palavras ofensivas, tendo descrito as coisas tal como são. Desmentiu ter utilizado a expressão ‘ralé’ vocábulo que tem implicações vulgares e, que os que desencadearam a violência não tinham lições a dar.'

A questão mais ampla que se coloca ao governo francês reside na forma em como integrar a grande comunidade imigrante. Alguns especialistas como Dominique Sopo, presidente do grupo antidiscriminação SOS, argumenta que a atitude do governo é em parte responsável pela situação.

A violência constitui um presente para a extrema direita francesa, o Partido da Frente Nacional, que em 2002 fez campanha no sentido do primado da lei e da ordem. O lider da Frente nacional, Jean-Marie Le Pen ficou em segundo lugar do sufrágio presidencial.

Alguns especialistas como Jacqueline Costa-Lascoux preocupa-se que um cenário semelhante possa ocorrer igualmente no sufrágio de 2007.

'Segundo ela a actual vaga de violência pode levar a extrema direita a obter resultados ainda melhores no próximo sufrágio presidencial do que anteriormente. Ela prevê que muitos emigrantes nos bairros de renda económica podem vir a encontrar-se a votar pela Frente Nacional.'

Costa Lascooux aponta como exemplo a Inglaterra e a Holanda países que foram recentemente abalados por motins étnicos, para afirmar que um certo numero de jovens revoltados, incluindo alguns em Clichy-sur-Bois, tem ligações com grupos radicais de países estrangeiros.

Segundo ela isto não significa que a Franca tenha fracassado totalmente na integração das suas minorias étnicas, já que muitos emigrantes de segunda geração constituem casos de sucesso.

O primeiro ministro francês, Dominique de Villepin prometeu restaurar a ordem publica – e prometeu firmeza e justiça para com os amotinados. Mas especialistas sustentam que o governo necessita de fazer muito mais para resolver as causas dos actuais motins.

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