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Levar Angola a integrar a lista de países sem pólio


Em Angola, a terceira fase da décima campanha contra a poliomielite, que durou 3 dias e terminou no dia 2 deste mês, realizou-se num clima de preocupações com a falta de recursos financeiros. O Ministro da Saúde, Sebastião Veloso, confessou sua ansiedade quanto à possibilidade de que nem todas as crianças menores de cinco anos pudessem tomar as duas gotas para a prevenção da doença. O governante explicou que nesses primeiros meses do ano sua equipa administrativa estava a trabalhar simplesmente para a realização de duas campanhas, não contando com uma terceira campanha, a qual, afinal, revelou ser uma necessidade. O ministro disse que, por isso, foi preciso encontrar recursos extraordinários, que não estavam planificados.

ANA- Nesta terceira fase, foi utilizado um tipo de vacina para o vírus novo, o tipo que circula na Índia, diferente do anterior localizado em Angola. A primeira campanha antipólio no país aconteceu de 29 a 31 de Julho, e a segunda de 30 de Agosto a primeiro de Setembro. Angola ficou de 2001 a Maio deste ano sem registrar nenhuma ocorrência da doença. De Junho a Julho deste ano, houve informações de que sete crianças estavam com pólio, facto que levou as autoridades a reforçarem a vigilância epidemiológica, procurando casos recentes de paralisia em crianças nas unidades sanitárias. Ainda por este facto, Angola perdeu a corrida à certificação de erradicação da pólio, agendada para Dezembro próximo, agora adiada para mais de três anos.

RENATO- Apesar das preocupações de ordem financeira mencionadas pelo Ministro da Saúde angolano, a terceira fase da campanha de vacinação demonstrou, desde o inicio, sinais promissores. No primeiro dia, cerca de 30 por cento, de um milhão e 400 mil crianças do zero aos cinco anos de idades previstas, foram vacinadas contra a poliomielite em Luanda. A coordenadora provincial do Programa Alargado de Vacinação, Catarina Oatanha, expressou sua satisfação por terem os vacinadores ultrapassado as metas previstas ao atingirem cerca de 30 por cento dos petizes logo no início. Por sua vez, o vice-governador Correia Victor, afirmou que apesar de Angola ter perdido a corrida à certificação de erradicação da pólio no plano imediato, as autoridades encarregues continuam a trabalhar. O objectivo agora é levar Angola a integrar a lista de países sem pólio até ao fim do ano.

ANA- O Quênia está sob ameaça de um grave problema de surto da pólio, em consequência do que acontece na vizinha Somália, onde a doença está a paralizar entre 5 a 10 pessoas diariamente. O dr. Muhamed Ouale, do escritório regional da Organização Mundial da Saúde no Quênia, disse que o risco é acrescido pelo facto de que existe uma grande movimentação de pessoas entre Mogadicio e Nairobi. O alarma relativo ao Quênia coincide com as noticias de um aumento da incidência da pólio no plano global, ou seja, 1262 casos registados até o momento, este ano, contra apenas 717 no mesmo período no ano passado. O escritório da OMS na Somália anunciou 100 novos casos de pessoas paralizadas pela pólio.

RENATO- Paquistão e India, paises rivais há muito tempo, estão a negociar a produção de um vídeo para promover a campanha contra a pólio. Trata-se de uma iniciativa sem precedentes, e que para muitas pessoas parecia impossivel. A India e o Paquistão já se empenharam em três conflitos armados por causa de disputas territoriais, desde a independência dos dois paises da Inglaterra, em 1947. Agora, a hostilidade politica cedeu diante da necessidade de combater conjuntamente a doença paralisante. O Ministro da Saúde do Paquistão escreveu carta ao seu colega da India e sugeriu que o video fosse transmitido pela televisão dos dois paises antes das rondas de vacinação serem realizadas em novembro próximo.

ANA- Nos Estados Unidos, a pólio assustou muitas pessoas nos anos 50, mas acabou por virar coisa do passado. Até agora, pelo menos. Eis que, de repente, surge a noticia da ocorrência de um caso da doença no estado de Minnesota. Um bebê foi infectado pelo polio virus mas as autoridades não sabem com certeza como isso aconteceu. Os primeiros indícios são no sentido de tratar-se de uma sequela do uso da vacina oral, que não é mais usada nos Estados Unidos, embora o seja em outros paises. O último caso de ocorrência da pólio no pais foi em 1979, mas casos raros de infecção continuaram a surgir, provocados pela própria vacina preparada com o virus vivo, procedimento que foi abandonado nos Estados Unidos em 2000. A diretora do Departamento de Saúde do Estado de Minnesota, Dianne Mandernach, emitiu comunicado tranquilizador no qual afirma que ”não existe risco para o público em geral”.

RENATO- Um recente estudo do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) informa que apesar de estarem disponiveis vacinas a baixo custo, cerca de 27 milhões de crianças e 40 milhões de mulheres grávidas deixam de ser vacinadas todos os anos. Quarenta e um paises estão hoje a proteger menos suas crianças do que o faziam há dez anos .

ANA- Na Assembléia Geral das Nações Unidas em 2002, a comunidade internacional adotou a meta de vacinar até ao ano 2010 pelo menos 90 por cento das crianças de menos de um ano em cada pais. 103 paises já cumprem esse objectivo e outros 16 estão a fazer considerável progresso. No entanto, em 74 paises, os programas de proteção contra doenças preveniveis não têm avançado satisfatoriamente.

RENATO- Cerca de 10 milhões de crianças morrem anualmente no mundo. Dois terços dessas mortes poderiam ser evitadas com cuidados de saúde. E mais de 1 milhão dessas mortes se referem a doenças capazes de serem evitadas por uma simples vacinação.

ANA- O mundo está sob a ameaca de uma epidemia de enormes proporções da chamada ”gripe das aves” uma verdadeira “pandemia” capaz de causar entre 5 a 150 milhões de mortes. O diretor geral da Organização Mundial de Saúde , dr. Lee Jong Wook, disse que os paises estão a reagir bem a essa ameaça e a tomar providências. No entanto, segundo ele, é essencial que haja uma coordenação desses esforços, para que todos os interessados dêem o melhor de suas capacidades e recebam toda a ajuda de que precisam. Com essa finalidade, a OMS nomeou um especialista, o dr. David Nabarro, para ser o coordenador da campanha global. O referido especialista declarou ser quase certo que acontecerá uma epidemia em breve, e que o melhor meio de evitar que a situação vire algo tão horrível quanto um pesadelo é todos estarem preparados e vigilantes.

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