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Moderação entre Angola e o FMI


Moderação entre Angola e o FMI
Moderação entre Angola e o FMI

A presença do ministro das Finanças e do governador do Banco Nacional de Angola em Washington, onde tem lugar este fim de semana a conferência anual do BM e do FMI, deverá resultar em contactos entre Angola e o FMI, mas é pouco provável que daí resultem novos compromissos.

Fontes familiares às consultas entre Angola e o FMI disseram à Voz da América que os contactos que vierem a acontecer na capital norte-americana deverão ser vistos com moderação.

Há mais de um ano que as duas partes vêm tentando sem sucesso um compromisso. A visita a Angola em dezembro passado, do director adjunto do Fundo, Takatoshi Kato, resultou na admissão por ambas as partes da possibilidade da obtenção em curto prazo de um acordo.

De lá para cá foram registados poucos progressos.

Fontes próximas às conversações notam que se de algum avanço se pode falar é o facto de que à semelhança do que fez com outros países ,o FMI já não se opõe a um programa inteiramente concebido por Angola.

Angola aplica desde dezembro de 2003, altura em que foi constituída uma nova equipa económica, um programa de que resultou a redução significativa da inflação, e o aumento das receitas fiscais.

A descida inflacionária observada desde então observou em Janeiro deste ano a cifra de 29.58 porcento , descendo consecutivamente para 28.46 em Fevereiro, 28.20 em Março, 27.01 por cento em Abril, e 23.11 por cento em Maio.

Estas perfomances teriam resultado na discussão da possibilidade do FMI vir a ”certificar” o programa do governo angolano, mas a verdade é que as duas partes nunca conseguiram ultrapassar os diferendos quer se tratassem de conteúdo , objectivos, ou de prazos.

As relações entre Luanda e o FMI conheceram alguma crispação em Julho quando o FMI caucionou uma comunicação do académico norte-americano John Mcmillan, no qual este punha em causa as políticas e a credibilidade das autoridades angolanas. Numa carta enviada de protesto ao director-geral do FMI, Rodrigo Rato, o ministro das Finanças, José Pedro de Morais disse que tal acto resultaria numa irreparável agressão moral às instituições angolanas, pelo que não restaria outra alternativa a Angola senão suspender as consultas com o FMI.

Angola não chegou a suspender as negociações com o FMI, mas a verdade é que a passagem por Luanda, em Agosto, do director-executivo adjunto do Departamento Africano do FMI, Peter Gakunu, não produziu grandes avanços.

Em contrapartida as autoridades angolanas continuaram a ver a inflação descer. De acordo com uma fonte oficial angolana a inflação homóloga estava nesta quarta-feira em 21.06. Autoridades angolanas acreditam que em meados do próximo ano consigam baixar para um digito, o que já não acontece há mais de 20 anos.

Peritos angolanos ligados às consultas com o FMI disseram à Voz da América que o sucesso tem sido o aumento das receitas fiscais, alteração das políticas monetárias e orçamentais, e a exploração eficiente do aumento do preço do petróleo no mercado mundial.

Estas opções apoiadas na extensão da administração do Estado teriam ajudado Luanda a absorver um número de alunos no sistema de ensino e a criar incentivos a assentamento de deslocados e regresso de refugiados.

Perante estes resultados, perante a eminência da realização de eleições e inspirada no aumento do preço do barril do petróleo e na disponibilidade da China em conceder empréstimos que não consegue noutros sítios, Angola parece não ter urgência na obtenção de um acordo com o FMI.

De acordo com algumas fontes em Washington, isto explicaria a moderação que se deve ter em relação As consultas que terão lugar em Washington entre José Pedro de Morais, e uma delegação do FMI.

Com o ministro das Finanças viajaram o governador do Banco Nacional de Angola, Amadeu Maurício, o Assessor económico do Presidente José Eduardo dos Santos, Archer Mangueira, e o assessor económico do PM, António Furtado. A eles juntam-se nesta quinta-feira peritos do BNA, e dos ministérios do Planeamento e das Finanças. José Pedro de Morais esteve pela última vez em Washington em Maio logo depois da visita do Presidente José Eduardo dos Santos a Argentina.

A passagem desta delegação de Angola por Washington pode resultar em mais um avanço para o processo de obtenção de cerca de uma nova frota de aviões para a companhia angolana TAAG. Em Julho deste ano um sindicato de bancos angolanos e estrangeiros teria montado uma operação para financiamento de 33 por cento da aquisição, ou seja 200 milhões de dólares.

Os restantes 67 por cento sairiam de uma garantia que está a ser negociada entre as autoridades angolanas e o EXIMBANK do Estados Unidos. Detalhes deste acordo estariam a inspirar consultas entre delegações de Angola, do EXIMBANK e da Boeing.

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