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Poderia ter sido uma reunião como as outras


Poderia ter sido uma reunião como as outras, a dos 24 directores executivos que representam os 184 países membros do FMI. Vários outros assuntos foram debatidos antes da reunião ter considerado a recomendação do director executivo do grupo para a expulsão do Zimbabwe como membro do FMI por falta de pagamento das suas cotas. Mas, antes de mais nada ,o governador do Banco Central do Zimbabwe foi convidado a falar para o grupo.

O portavoz do FMI, Tom Dawson, disse ser pouco comum, mas não sem precedente que um governador de um banco central tome a palavra durante a reunião do executivo do FMI:

’...no que diz respeito a uma retirada compulsória, até agora têm aparecido poucos casos que os governadores do FMI tiveram que debater. Mas, estou certo, disse, que os regulamentos do FMI permitem que um representante de um governo-membro possa, na verdade, de falar à junta executiva, ou se possa apresentar aos governadores, em determinados casos, em sua própria defesa...’

Gideon Gono, governador do Banco Central do Zimbabwe, há dois anos, deslocou-se de Harare a Washington para a ocasião, reunindo-se primeiro com os directores europeus e africanos, exortando-os a votarem contra a expulsão do seu país, lembrando o caso da então Checoslováquia comunista, o único país que até agora foi expulso do FMI, em 1954.

No seu discurso à junta dos governadores, Gideon Gono admitiu ser o Zimbabwe tecnicamente culpado da violação dos regulamentos daquela instituição financeira internacional, mas que, adiantou o responsável zimbabwiano, o país deve ter mais uma oportunidade para pôr a sua casa financeira em ordem. O Zimbabwe, prometeu Gono, está a caminho de recuperação e que medidas ousadas agora em curso, poderão resultar na baixa em 300 por cento a actual taxa de inflação, reactivando a economia em 40 por cento nos próximos seis anos.

Numa declaração ao serviço zimbabwiano da Voz da América, Gideon Gono disse que estava sobremaneira satisfeito pelo facto dos governadores do FMI terem adiado a expulsão do Zimbabwe:

’...foi um momento, na verdade, acabrunhador, afirmou Gono.Foi difícil expressar a alegria e o alento que sentia. Mas percebi também o peso da decisão e da responsabilidade que ainda sinto que deverão constituir alguns dos pontos altos que não irei esquecer...’

Mas o economista ganense, George Ayittey, Professor de Economia na Universidade Americana, em Washington, afirma que o FMI tomou uma decisão errada:

’....não...não...o FMI deveria ter tirado o tapete por debaixo do Zimbabwe...não sei se o FMI teve em conta as razões que levaram até os sul-africanos a não estenderem a mão aos zimbabwianos. A economia do Zimbabwe está literalmente num colapso. Mais ajuda servirá apenas para manter Mugabe no poder por mais tempo. Muitos zimbabwianos, estou certo, se iriam opor a qualquer estratégia de salvação a um regime tão corrupto em Harare...'

O Zimbabwe tem estado em problemas com o FMI desde 1999,quando a instituição financeira internacional suspendeu os empréstimos ao governo de Harare devido ao facto do mesmo não cumprir os compromissos assumidos. Enquanto isso, o Zimbabwe suspendia o pagamento das suas cotas em 2001,iniciando o FMI o processo da sua expulsão em 2003.Mas entretanto, o Zimbabwe fazia um pagamento parcial num montante de 120 milhões de dólares, sem que os banqueiros da África Austral soubessem aonde é que o Zimbabwe a avultada soma.

Gono disse que o dinheiro provinha dos fundos de poupanças do estado Zimbabwiano, quando Harare preferiu fazer o pagamento em vez de importar mais mercadorias.

Por sua vez, o Secretario permanente de Agricultura do Zimbabwe ,Simon Pazvakambwa, afirmara que na altura o Zimbabwe não tinha mais do que três semanas de reservas alimentares, tendo o portavoz do FMI, Tom Dawson acrescentado que o dinheiro teria vindo das exportações ,tal como indicavam algumas noticias da imprensa.

Gideon Gono assegura que o Zimbabwe vai pagar toda a sua conta, num montante de 175 milhões de dólares até 2006.Mas os críticos do Zimbabwe afirmam que são promessas vazias.

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